Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação completa 20 anos
Neste dia 31 de outubro completa-se 20 anos da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, assinado em 1999 entre a Federação Luterana Mundial (FLM) e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
O documento, um passo importante no caminho da unidade entre cristãos, expressa o consenso de católicos e luteranos em torno de “verdades de base”, evidenciando o que ainda divide as duas confissões sobre o mesmo tema, sem que isso comprometa o consenso alcançado.
Em Curitiba, a Comissão de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese convida a todos para uma celebração neste dia 31, às 20h, na Comunidade Martin Luther – IECLB – R. Estados Unidos, 1950 (bairro Boa Vista).
Em artigo, a Ir. Raquel de Fátima Colet, Fc, da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, e o Prof. Dr. Rudolf von Sinner, Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), comentam sobre a Declaração:
“Há exatamente 20 anos, cristãos luteranos e católicos-romanos celebravam um passo importante no caminho da unidade. Trata-se da assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação (DCDJ), em 31 de outubro de 1999, na cidade de Augsburgo/Alemanha, entre a Federação Luterana Mundial (FLM) e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O documento foi também adotado oficialmente em 2006 pelo Conselho Metodista Mundial e, em 2017, pela Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas. A Comunhão Anglicana acolheu a declaração e afirmou sua substância em 2016.
Fruto de mais de três décadas de trabalho da Comissão Bilateral católico-luterana, o documento afirma haver, entre as partes, um consenso em torno de verdades fundamentais da doutrina da justificação. Esta doutrina teve importância central no debate teológico que desencadeou a Reforma Protestante do século XVI e que, associado a divergências de ordem sociocultural e política, provocou divisões no interior da comunidade cristã
No núcleo da Declaração Conjunta está a confissão comum de que “somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita para boas obras” (DCDJ, n. 15). Tal consenso não anula, nem nivela as diferenças existentes nas demais questões vinculadas a essa verdade de fé, mas as situa em compatibilidade de compreensão e motiva a continuidade dos diálogos. Isso reforça a convicção que tem acompanhado o empenho ecumênico de que o que nos une é muito maior do que nos separa. As condenações de outrora não mais atingem a igreja adversária que se tornou parceira.
Portanto, a DCDJ convida a uma revisita reconciliadora à memória das igrejas, refazendo vínculos, desfazendo incompreensões e preconceitos mútuos, e fortalecendo o compromisso com a unidade em todas as suas expressões. Em tempos de mercantilização do sagrado e instrumentalização da fé, a mensagem da Declaração Conjunta adquire relevância singular para as comunidades cristãs. O reconhecimento de que somos pessoas salvas única e exclusivamente pela graça de Deus, razão da nossa confiança e definitiva esperança, nos impele a traduzir tamanha dádiva em eloquente testemunho de comunhão e diaconia.”