Exposição ressalta a fé e a espiritualidade ‘Dos Santos’

Até 12 de março, quem for ao Museu de Arte Sacra de São Paulo pode conferir um itinerário de fé e devoção proposto pelo artista plástico Cassiano Araujo, sob a curadoria da museóloga Beatriz Cruz, na exposição “Dos Santos”.

Para o artista, a exposição marca a celebração de seus 30 anos de carreira, retratando o catolicismo em um conjunto de obras em óleo sobre tela, pelas quais apresenta ao público a vida, a mística e a espiritualidade de santos brasileiros e figuras religiosas importantes para a vivência da fé nos dias atuais.

Entre os santos representados estão Santa Dulce dos Pobres, São José de Anchieta, Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Virgem Negra (Nossa Senhora da Liberdade), Santa Terezinha do Menino Jesus e São João Paulo II. As obras, a propósito, são inspiradas nas reflexões do pontífice polonês contidas na Carta aos Artistas, de 1999.

A exposição também é marcada pelas cores e representações das várias realidades enfrentadas pela humanidade na atualidade, como a pandemia, guerras e a situação dos indígenas, crianças e refugiados.

INSPIRAÇÃO E ARTE

Natural de Garibaldi (RS), Araujo é artista plástico, produtor cultural e organizador de eventos artísticos. Ingressou no mundo das artes aos 16 anos, quando começou a estudar pintura. Em 1992, transferiu-se com a família para São Paulo (SP), onde tem seu ateliê no bairro da Saúde, zona Sul.

Estudou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e cursou História da Arte no Museu de Arte de São Paulo. Realizou um curso de pintura com o mestre chinês Wei Zhe, que foi diretor da Pinacoteca de Nanin, na China. É autor de diversas capas de livros e revistas. Suas obras se encontram em coleções particulares no Brasil e na América Latina, Europa, África e Estados Unidos, destacando, entre estas, dois painéis alegóricos na sede da Confederação Sul-Americana de futebol em Assunção (Paraguai) e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o artista explicou que a exposição no MAS, é o resultado da criação artística que começou em 2020, com o intuito de expressar sua fé e espiritualidade unida ao compromisso com a arte e, sobretudo, na busca da “defesa dos verdadeiros valores morais; capazes de produzir, proteger, fortalecer e celebrar os valores da arte, da fé, da caridade, da justiça, do amor, da esperança e da paz”, ressaltou. Araujo é também autor da PAX XXI, uma mostra de pensamentos e reflexões de São João Paulo II, contidos na Carta aos Artistas, cuja íntegra pode ser lida no link a seguir: https://bityli.com/fqJQCQ.

Em cada quadro da exposição, há uma aula de história da arte e da espiritualidade católica. “Para pintar, estudei e busquei a fundo os elementos que permeiam a vida de cada santo, atualizado ao seu contexto da sua época e, inserido no hoje da nossa história”, afirmou, pontuando sua missão em retratar não só o que os livros contam sobre os santos, mas, sobretudo, “resgatar o legado desses homens e mulheres para iluminar as realidades atuais”.

Segundo o artista, após a exibição ao público, cada uma das telas será doada a um país ou instituição, onde ficará à disposição dos fiéis. Por exemplo, a tela “Ave-Maria” será enviada à Catedral de Brasília (DF), a de Santa Teresa de Calcutá, para a Macedônia; a de São João Paulo II, para o México; a de Santa Paulina, para Nova Trento (SC); a de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão permanecerá no MAS.

Próximo das obras, o público pode ver o Relicário de São Pedro e São Paulo em prata, metal e pedras coloridas, do acervo do MAS. “Fiquei tão feliz em ter o relicário na minha amostra, pois recorda a minha terra natal e a cidade que me acolhe como artista e cidadão”, disse.

ITINERÁRIO DE FÉ

Araujo pontuou a importância da Carta aos Artistas. “São João Paulo II ressalta o artista como a imagem de Deus Criador, criadores de beleza, que a partir da arte contemplam e (re)criam as obras e são testemunhas da fé”, disse, citando trechos do texto.

Na mesma carta, o Pontífice apresenta a vocação de cada artista que, “ao mesmo tempo que determina o âmbito de seu serviço, indica também as tarefas que deve assumir, o trabalho duro a que tem que se sujeitar, a responsabilidade que deve enfrentar”, escreveu João Paulo II, salientando que “um artista, consciente de tudo isto, sabe também que deve atuar sem se deixar dominar pela busca de uma glória efêmera ou pela ânsia de uma popularidade fácil, e menos ainda pelo cálculo do possível ganho pessoal. Há, portanto, uma ética, ou melhor uma ‘espiritualidade’ do serviço artístico, que a seu modo contribui para a vida e o renascimento do povo”.

Em outro trecho, o Papa reforça a profunda aliança entre o Evangelho e a Arte. Araujo recordou o apelo do Papa a todos os artistas, mas, de modo especial, àqueles que são cristãos: “Lembrem-se sempre da aliança entre a Palavra de Deus e a arte. Independentemente das exigências funcionais, implica o convite a penetrar, pela intuição criativa, no mistério de Deus encarnado e contemporaneamente no mistério do homem”, disse, recordando que essa é, também, sua missão de vida como artista plástico.

Joana e Cícero dos Santos foram ao MAS com a filha Karine. À reportagem, eles definiram o que viram como de “uma sutileza aos olhos a partir da fé, permeadas pela significado das cores e da história de personagens importantes do catolicismo”. Destacaram, ainda, que as telas são um convite à vivência cotidiana da santidade e da caridade com os irmãos.

Exposição: “Dos Santos”
Curadoria: Beatriz Augusta Cruz
Período: Até 12 de março de 2023
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)
Horários: De terça-feira a domingo, das 9 às 17h
Ingresso: R$ 6,00 (Inteira) | R$ 3,00 (meia-entrada nacional para estudantes, professores da rede privada e I.D. Jovem – mediante comprovação) | Grátis aos sábados

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FONTE: O São Paulo