Fisichella: o turismo é um espaço de evangelização em vista do Jubileu

Santiago de Compostela, um dos santuários mais famosos do mundo, foi sede da 8ª edição do Congresso Mundial de Pastoral do Turismo, que, por três dias, desde o último dia 5, reuniu especialistas e representantes de Conferências Episcopais de 25 nações, que se confrontaram sobre a Pastoral do Turismo.

O Congresso contou com a presença do Arcebispo Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a cujo Dicastério o Papa confiou a preparação do Ano Santo de 2025.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o Arcebispo refletiu sobre a particular ligação da Pastoral do Turismo com o próximo Jubileu 2025.

Dom Rino, o senhor participou do Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, em Santiago de Compostela. Qual a importância desta pastoral?

“É importante, sobretudo, graças à decisão do Papa Francisco de transferir a competência do Turismo ao nosso Dicastério, porque, assim, se torna um espaço particular da evangelização. O turismo, às vezes, parece não ter seu lugar próprio; neste caso, porém, pode-se inserir no âmbito da evangelização, tornando-se uma das mediações fundamentais para evangelizar o mundo de hoje. O nosso Dicastério para a Evangelização tem também competência sobre os Santuários, que são lugar de peregrinação: uma peregrinação que, agora, começa também a se conjugar com a exigência peculiar do turismo, ou seja, a cultural”.

A Pastoral do Turismo foi transferida do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral para o Dicastério da Evangelização, que o senhor preside. Por quê?

“Por assim dizer, esta é uma consequência lógica da visão da nova composição da Cúria Romana. À luz da Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium”, o Papa quis dar amplo destaque à evangelização; por outro lado, o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral começa a ter uma unicidade orgânica sobre os objetivos, que, obviamente, integram o trabalho de todos os Dicastérios da Cúria. O fato de o turismo tornar-se parte integrante das problemáticas da evangelização, nada mais faz, hoje, que dar impulso ao desenvolvimento e consequência lógica aos caminhos peculiares da peregrinação. Na antiguidade, como na Idade Média, o peregrino partia para uma viagem, hoje chamado turista, porque queria descobrir a cultura, a beleza, uma necessidade de contato e peregrinação, que se tornava um verdadeiro intercâmbio cultural. Desde então, acho que o turismo mudou muito. Não esqueçamos que estamos diante de uma mudança cultural: antes, eram romarias e turismo organizados, agora, porém, pelo menos 50%, não são mais organizados, tornando-se “coisa de última hora”. As famílias ou solteiros se organizam e partem. Mas, isso causa um grande problema: o da acolhida como também o de comunicar a beleza, a cultura e a história dos diversos lugares”.

Como o seu Dicastério para a Promoção da Nova Evangelização pode atuar, concretamente, no campo do turismo?

“Encontrei, em Santiago de Compostela, representantes de mais de 25 países diferentes: do México à Argentina, da Áustria à Itália e assim por diante. Trata-se de uma realidade altamente motivada para cooperar conosco. Antes de tudo, devemos procurar organizar melhor o trabalho do nosso Dicastério, que deverá integrar o turismo e os santuários. Não esqueçamos que a Pastoral do Turismo está presente em todas as Conferências Episcopais. Por isso, é uma realidade organizada. A Santa Sé, por exemplo, tem seu representante junto à Organização Mundial do Turismo. Logo, tais compromissos precisam ser planejados e devem continuar o trabalho já feito, sobretudo pelo Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes, que publicou uma nota pastoral muito importante sobre este tema. Enfim, é preciso desenvolver ainda mais o magistério desses anos, dando apoio pastoral concreto ao turismo como forma de evangelização”.

Em vista do Jubileu de 2025, o que o seu Dicastério pode fazer diante de uma realidade de tanto turismo?

“Desde que o Papa confiou a organização do Jubileu ao nosso Dicastério, já estamos dando passos avançados: criamos Comissões e apresentamos os projetos ao Governo italiano e ao Município de Roma. No próximo dia 11 de outubro, a comemoração do 60º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II marcará, oficialmente, o início do primeiro ano de preparação para o Jubileu, com a redescoberta, estudos e revisão das quatro Constituições conciliares. Depois, o ano de 2024 será dedicado à Oração. Já estamos organizando a página web, que deverá seu um aplicativo para todos os peregrinos. Esperamos que, até o fim deste ano, possamos publicar o calendário dos grandes eventos do Jubileu de 2025”.

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Por

Sebastian Sanson – Vatican News