“Jesus percorria, então todas as cidades e povoados, ensinando em todas as sinagogas, proclamando o Reino de Deus” (Mt 9, 35)
Neste Mês Missionário Extraordinário, estamos lançando em nosso site alguns testemunhos inspiradores que nos apontam para uma Igreja em Saída. Confira hoje o relato do Padre Rivael De Jesus Nascimento, reitor do Santuário Diocesano Nossa Senhora de Lourdes, que comenta sobre os desafios da evangelização no mundo cada vez mais urbano, destacando a importância de motivar as pequenas comunidades e valorizar as novas lideranças que assumem o compromisso missionário nas casas e prédios:
Evangelização no Mundo Urbano
* Por Pe. Rivael de Jesus Nacimento
O mundo urbanizado é o cenário da evangelização no mundo atual, uma vez que mais de 80% da população vive na cidade. Como entender essa cidade marcada por miséria e violência? Qual seria a nossa ação como cristãos? A resposta se dá na vivência da pequena comunidade na cidade. Essa pequena comunidade deve ser sinal de esperança para uma nova humanidade e para a construção do Reino de Deus.
As pequenas comunidades, ou setorização, sobre as quais já ouvimos falar logo após o Concílio Vaticano II, no Documento de Medellín, implodiram um novo pensar e agir em toda a pastoral no Brasil. No campo pastoral surgiram palavras como enculturação, nova evangelização e missionariedade, todas fundamentadas nos documentos latino-americanos. O Documento de Aparecida retoma a missão como chave de evangelização com discípulos e missionários, trazendo uma nova roupagem com o desejo do anúncio de Cristo. Para nós pastores e formadores do povo de Deus a pequena comunidade tem uma relevância muito grande em uma paróquia e na evangelização. Aqui partilho um pouco com vocês leitores do que vivo e aprendo em minha experiência na cidade, com gente que já tinha chegado no bairro onde estou e com muitos que chegaram.
Eu aprendi a ser comunidade, participando da vida em comum na oração e na força da Palavra de Deus com vizinhos e vizinhas. Certa vez, em um encontro da Assembleia do Povo de Deus, do Regional, comentei com Dom Orlando Brandes, então arcebispo de Londrina, minha experiência de fé na pequena comunidade do meu bairro, na minha cidade, em Rio Branco do Sul. Ele disse: “partilhe com o grupo todo”. E assim o fiz. Ele é um grande entusiasta das pequenas comunidades. Com alegria, lembremos da boa experiência de setorização e vivência que tanto Dom Orlando motivou na Diocese de Joinville e por onde passa.
Mas dentro desse espírito de comunidade me formei e trouxe para o meu ministério, quando fui pároco em Anjo da Guarda na Cachoeira, Almirante Tamandaré, sempre motivei as pequenas comunidades. Nunca esqueço dos bons frutos, dos líderes que surgiram com as missas, mas também encontros e sinais de esperança. Aqui no Campo Comprido busco há 6 anos dar continuidade no que acredito. Cada paróquia com sua realidade, mas reforço que a nova comunidade deve ser repensada e adequada com nova linguagem, novo ardor e nova metodologia, dentro dos novos tempos.
Todos os meus paroquianos sabem que quem participar do setor, como aqui falamos, tem uma experiência e visão eclesial diferenciada. Em nossa comunidade do Santuário Diocesano Nossa Senhora de Lourdes, como em todas as paróquias, há uma grande pluralidade. Entretanto, o espírito de unidade permanece. Todos nós, os líderes, os ministros da sagrada comunhão, procuramos adequar muito a realidade, não tem “fórmula secreta”, é o discernimento do espírito que muito tem nos ajudado. E assim temos descoberto novas pessoas, novos líderes e, em alguns prédios e condomínios, muita vivacidade do testemunho do amor de Deus. Neste artigo contemplo a foto de um dos grupos bem animado de nossa comunidade; onde moram são quatro torres, com três capelinhas, que é a chave de entrada nos condomínios. Com estes moradores, com os que estão nos antigos loteamentos aqui do bairro, sonhamos o Reino de Deus. O sonho que aprendi na infância e que vivo em meu ministério.
Por fim, tenhamos a certeza de que em tempos de mudanças, setores de esperança fazem a diferença em nossa vida eclesial para todos nós vocacionados para testemunharmos a alegria e esperança.