Dioceses do Paraná tem realizado inúmeras ações sociais ajudar o estado na luta contra a pandemia e assistir aos mais necessitados
A caridade com os mais necessitados faz parte da identidade da Igreja. As paróquias e as várias pastorais sociais sempre foram no mundo como as mãos de Cristo a socorrer os mais necessitados. Nesse tempo de pandemia do novo Coronavírus (COVID 19), tem aumentado o número de pessoas que necessitam de socorro e ajuda para sobreviver e viver com dignidade. Sendo assim, onde há presença da Igreja Católica há mãos estendidas para ajudar e cuidar da vida.
É evidente que a pandemia do novo Coronavírus (COVID 19) afeta não só a dimensão da saúde, mas também a social e econômica. Nesse período, no qual o distanciamento social é a medida mais eficaz para conter o avanço acelerado da doença, muitas famílias, casas de repouso, orfanatos, instituições que atendem pessoas com necessidade especial, pessoas em situação de rua, estão enfrentando sérias dificuldades para se manter e viver com dignidade. Além disso, há uma previsão de que o sistema de saúde pode entrar em colapso e não consiga atender todas as pessoas contaminadas.
A Igreja Católica no Paraná, que desde o início tem adotado as medidas de distanciamento social recomendadas pelas autoridades sanitárias, tem buscado formas de assistir espiritualmente os fiéis e também de colaborar para que os impactos sociais e econômicos sejam amenizados. Cuidar da vida é um compromisso evangélico da Igreja.
No Paraná, várias dioceses e paróquias tem realizado ações afim de atender as pessoas mais vulneráveis e também de colaborar com o estado na prevenção e no atendimento aos doentes.
Espaços da Igreja abertos para acolhida e tratamento dos doentes
A Casa de Encontros São João Diego, localizada em Guarapuava (PR), que pertence à CNBB Regional Sul 2, cedeu, gratuitamente, todo seu espaço à Prefeitura Municipal de Guarapuava. Essa casa está disponível à Secretaria de Saúde para atender a população de Guarapuava e dos municípios que pertencem a mesma regional de saúde. A casa de encontros tem capacidade para 38 leitos individuais, mas pode triplicar o número de pessoas internadas, caso não precisem ficar isolados.
O Instituto São João Paulo II e o Seminário Maria Mãe da Igreja, na Diocese de Toledo, foram cedidos à Prefeitura Municipal para serem utilizados na finalidade que as autoridades de saúde pública determinarem. O Instituto São João Paulo II já está sendo preparado para se tornar um hospital de campanha. Para o bispo diocesano, Dom João Carlos Seneme, essa é a finalidade desses espaços: “O Instituto e o Seminário são para o bem do povo. Como Igreja, é obrigação preservar a vida. Então, essas estruturas devem ser utilizadas para o bem de todas as pessoas”.
A diocese de Umuarama também fez uma parceria com a Prefeitura Municipal e cedeu 56 quartos do Centro Diocesano de Formação para acolher pacientes infectados. Ao todo, o espaço poderá acolher 108 pacientes, pois os colchões do Centro Diocesano foram adequados, encapados com um material sintético impermeável e de fácil limpeza. Na cidade de Umuarama, a diocese também já disponibilizou mais três espaços com o mesma capacidade para atendimento.
A Cáritas diocesana de Foz do Iguaçu, junto à Fraternidade O Caminho, em parceria com o Poder Público, cedeu, a princípio por 90 dias, o espaço do antigo Seminário Nossa Senhora de Guadalupe, para acolher pessoas em situação de rua e outras que necessitem de abrigo nesse tempo de pandemia. A secretaria de Assistência Social fará a triagem das pessoas e oferecerá os profissionais. Além disso, a Diocese de Foz do Iguaçu fará o pagamento das contas de água e luz nesse período. Outra iniciativa da Cáritas, juntamente com a diocese, é uma campanha financeira para a compra de alimentos.
A arquidiocese de Londrina abriu as portas de três casas de retiro para acolher pessoas em situação de rua. Numa parceria com a Prefeitura Municipal, até o dia 30 de março, 90 pessoas já estavam alojadas nessas casas, com as condições necessárias para ficarem em isolamento social. Ao todo, as três casas têm capacidade para acolher até 150 pessoas. Nessa parceria, a arquidiocese cede os espaços e a prefeitura arca com as despesas e a organização da acolhida.
Dioceses se mobilizam para atender famílias carentes
Também na arquidiocese de Londrina, a Cáritas diocesana e a Prefeitura Municipal firmaram uma parceria para ajudar as pessoas mais necessitadas. A Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora está recebendo doações de alimentos desde o dia 26 de março e também foi disponibilizado uma conta bancária para receber doações em dinheiro para socorrer as famílias mais necessitadas, em decorrência das medidas de prevenção ao Coronavírus.
A parceria da Arquidiocese de Londrina com a Prefeitura visa minimizar os efeitos da pandemia do COVID-19 para as cerca de 44 mil pessoas que vivem em extrema pobreza em Londrina. Até segunda-feira, 6 de abril, já haviam sido arrecadados mais de 5 toneladas de alimentos e 28 mil reais em doações.
A Paróquia São Braz, da arquidiocese de Curitiba, em parceria com a Rede Família Solidária, da Secretaria da Justiça, Família e Cidadania do Paraná, cedeu seu espaço para se tornar um Centro de Distribuição de Donativos. A Paróquia passa a receber doações de alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza e cobertores que serão repassadas a entidades sociais mais impactadas pela pandemia do coronavírus.
Além dessa iniciativa, a Pastoral do Povo de Rua realizou algumas mudanças no seu trabalho a fim de proteger os voluntários e os assistidos. Suas ações ficaram centralizadas em tenda a céu aberto nas dependências da Paróquia Bom Jesus dos Perdões, no Centro de Curitiba, e o atendimento ficou restrito ao horário da tarde, entre as 14h e 17h, oferecendo a população de rua um lanche mais reforçado, bem como roupas e itens de higiene pessoal. Cerca de 300 kits são distribuídos diariamente. “Por um lado, vemos os efeitos devastadores dessa pandemia em muitos países, mas ao mesmo tempo vemos as muitas ações de solidariedade e proximidade aos mais vulneráveis (…) Nesse grupo encontram-se também as pessoas em situação de rua”, comenta Dom Francisco Cota, bispo auxiliar da arquidiocese de Curitiba, em carta sobre a importância da continuidade do atendimento a esta população.
Na diocese de Ponta Grossa, a Cáritas diocesana está fazendo uma campanha para a arrecadação de recursos para comprar cestas básicas para famílias carentes. Além disso, as paróquias estão fazendo campanhas individuais para assistir as famílias em necessidade. Um exemplo foi realizado nesse sábado, 4 de abril, pela Paróquia Nossa Senhora do Pilar. Foi lançada a “Campanha da Solidariedade”, liderada pelos Vicentinos, afim de arrecadar donativos para 22 famílias carentes do bairro Palmeirinha, onde está localizada. Ao todo, foram arrecadados mais de 2 mil quilos de alimentos.
A Renovação Carismática Católica (RCC) da Arquidiocese de Maringá realizou do dia 4 a 11 de abril, um “drive-thru solidário”, a fim de arrecadar alimentos para famílias carentes. As pessoas podem passar de carro em frente ao escritório da RCC e deixar a doação. A RCC solicita doações de alimentos não perecíveis e chocolates que serão destinados às crianças das famílias que forem atendidas com as cestas básicas.
A Paróquia Santo Antônio de Pádua, em Terra Rica, Diocese de Paranavaí, realizou no dia 2 de abril, um momento de Adoração Eucarística com arrecadação de alimentos. O altar com o Santíssimo foi colocado na porta da Igreja, onde o padre e alguns auxiliares rezavam e as pessoas passavam de carro, faziam sua oração e deixavam a doação. A oração durou quatro horas e, segundo o pároco, Padre Marcelo Santiago, foram arrecadadas mais de 125 cestas básicas, fora os alimentos avulsos, com os quais será possível montar mais umas 200 cestas. “Não vamos permitir que aqui em Terra Rica nenhuma família fique sem ter o que comer”, afirmou Padre Marcelo.
São incontáveis as ações realizadas pelas 903 paróquias e mais de 9 mil comunidades do Paraná para atender as famílias carentes e os mais pobres. São gestos concretos, que não poderiam ser todos contados nessa matéria jornalística. Eles vão ao encontro do objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. Nesse tempo de pandemia, formas novas de viver a fé e a caridade fraterna tem florescido na vida da Igreja, que é samaritana: vê, se compadece e cuida (cf. Lc 10, 30-35).
(Texto: Karina de Carvalho – Assessora de Comunicação da CNBB Sul 2)