No próximo dia 20 de julho o amigo da nossa Arquidiocese começará sua missão na Diocese de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, de onde veio. Após quatro anos entre nós, passa a ter nos ombros a responsabilidade sobre uma igreja particular. Antes de sua partida eu gostaria de dar letra aos sentimentos de gratidão que sua presença suscitou entre nós.
Por ter morado na mesma residência foi-me possível um convívio mais próximo do que apenas a proximidade do trabalho. E uma das percepções que me afloraram logo que cheguei foi o gosto pela vida ministerial. É fácil ver nele a alegria por evangelizar. Desempenhava-se com paixão. Nas celebrações, nas reuniões, na coordenação do que lhe era confiado, inspirava-o um desejo sincero de responder ao Senhor e à Igreja. Não era apenas um diligente cumpridor de tarefas. Havia afeição pessoal. É assim que acontece com quem é muito integrado à sua vocação.
Outra recordação que, pessoalmente, conservarei de Dom José Mário é a sua lealdade. Nos cuidados da Arquidiocese encontrei nele um irmão muito leal. Manifestava-se com espontaneidade e interesse pelo quotidiano da nossa igreja particular. Não o fazia apenas por dever de ofício. Queria participar. Quando consultado, suas palavras sustentavam-se em critérios de serviço e de pastoreio. Aliás, as convicções e reflexões traduziam a imagem de uma Igreja servidora do Evangelho. E em favor desta grande causa dedicava suas atenções e partilhas. Inclusive suas opiniões pessoais ele as valorizava na medida em que favoreciam a unidade.
Gostaria ainda de salientar outra sadia particularidade de seu quotidiano. Não é nada de novo para um pastor da Igreja. Mas o modo silencioso de testemunhar suscita impressão. Refiro-me aos fundamentos de fé que o movem nas análises e interpretações das mais diversas realidades. Embora seja um homem prático, não são os referenciais de funcionalidade e de resultados que balizam suas avaliações. Em nossas conversas acerca das proposições e decisões a tomar, suas palavras explicitavam os motivos de fé que sustentavam suas ideias. Penso que este “estilo” radica-se no cuidadoso tempo dedicado à oração. Eu pensava que o bom gaúcho levantava-se cedo para o chimarrão. O tempo mostrou que orava desde cedo. E para isso até o chimarrão ajudava.
Agora que se aproximam os dias de sua nova missão percebo nele o sadio anseio de recomeçar. Não se trata do “recomeço” dos arrependidos. É um novo começo de sua vida episcopal, agora já mais experimentado no cuidado pastoral de uma diocese. Fala com esperança e agrado da Diocese de Uruguaiana, dos padres, do povo. Por outro lado menciona com gratidão e brilho nos olhos todo aprendizado alcançado na Igreja de Curitiba. Considero sábia a frase que ouvi há tempos: “Quem não sabe ser grato jamais será justo”. Pois bem, a gratidão, para a qual a linguagem espontânea é sempre mais expressiva do que a formal, ela marcou belas frases pronunciadas com a voz e com os olhares do pastor bom, Dom José Mário.
Então, o que desejar ao amigo da nossa Arquidiocese que viverá sua vocação e pastoreio em outras paragens? Certamente haveria muitos augúrios a manifestar. Mas aos simples como ele bastam algumas sinceras e verazes frases. Caríssimo amigo e companheiro Dom José Mário, que se multipliquem em sua nova Diocese as melhores alegrias, aquelas que renovam as motivações do pastor bom que vive para as suas ovelhas.
Que os carinhos de Nossa Senhora da Luz iluminem seus passos. Muito obrigado, grande amigo e companheiro.
Dom José Antonio Peruzzo