Missão e Ecumenismo

Nós, missionários e missionárias, somos convidados a ser uma Igreja em saída, anunciar a palavra do Senhor, ajudar os que precisam, ir ao encontro daqueles que se sentem isolados na sociedade, consolar os aflitos e enfermos. Não importa a religião, cremos em um único Deus, isso nos faz irmãos e irmãs, muitas vezes enfrentaremos obstáculos, mas os superamos e seguimos com o nosso instinto missionário, levar a boa nova a todos os povos.

Quando alguém começa a motivar a experiência da visita missionária, normalmente algumas pessoas se sentem motivadas a participar e com alegria se colocam a disposição dessa experiência. Na atitude de sermos missionários em saída há um misto de sentimentos que começam a brotar, para alguns com um pouco mais de experiência essa é uma atitude tranquila e quase natural como nos diz a missionária Silvia Ferreira Neto: “mas eu não tenho medo… só de cachorro bravo”.

No entanto, é muito comum ouvirmos atitudes receosas, de inseguranças ou até medos mesmo como relata: Edilson de Souza Junior: “meu maior medo é de não ser recebido na casa das famílias, de não poder nem ao menos dizer um olá ou coisa parecida. Tenho medo também como leigo de confundir algumas leituras e até mesmo as palavras saírem erradas ou na expressão distorcida”. Como nos diz Joseane Simões: “Medo de ser mal recebida, medo de ser discriminada, medo de encontrar uma pessoa desequilibrada, medo de não conseguir atender às necessidades/expectativas das pessoas que visitamos…”

Muito comum é ouvirmos expressões como: “meu medo é de não estar preparado aos desafios que irei encontrar pelo caminho, principalmente quando chegamos a casa de ex-católicos, aí onde vem o medo do desafio já que a grande maioria diz ter encontrado o verdadeiro (Deus) e vem nos afrontar com textos já decorados. Esse é o medo, de não saber a resposta correta para aquele momento sem revidar com ignorância e sim com humildade e amor de Deus. Também ao afronto a Nossa Mãe Nossa Senhora, medo de não poder ajudar aqueles que precisam, principalmente através da palavra de Deus…” (Luiz Melo)

Sentimentos esses que infelizmente por vezes acabam por ser empecilhos para a realização da experiência missionária. No entanto, muitas partilhas bonitas de experiências muito significativas ouvimos quando os missionários e missionárias se propõe a fazer a experiência da visita missionária; “Felicidade enorme em saber que somos apenas instrumentos e que Deus sempre realiza a obra da melhor forma!”; “..o medo é só de início porque ao longo da caminhada vamos nos fortalecendo com a graça de Deus e o amor de Maria nos conduzindo… pois há momentos maravilhosos, pessoas maravilhosas até mesmo de outras religiões que incentivam nosso trabalho e até nos orientam na questão que iremos encontrar pedras pelo caminho, mas também muitas rosas, e que jamais devemos desistir da nossa caminhada de missão”.

Em diversos momentos em nossa Igreja somos desafiados a sermos ecumênicos e junto com esse desafio surgem outros tantos medos e ainda outros tantos preconceitos. Mas podemos constatar que quando nos colocamos em saída a experiência do ecumenismo acontece na prática, sem termos “esquemas ecumênicos” pré-estabelecidos, como podemos perceber no relato que nos apresenta a Sra. Marluce Bély: “Nossa melhor experiência ecumênica é a alegria e a força que levamos no coração e que nos encoraja a dialogar com qualquer pessoa, de diferentes denominações religiosas e dizer: Deus é um Pai de amor e em Seu coração somos uma só família! ”

Vamos encontrando situações como a que nos relatam os missionários do Santuário Nossa Senhora da Salette: “Fomos acolhidos em uma família em que a esposa é católica e o esposo é adventista. Tinham uma realidade de dor na família e a Palavra de Deus nos uniu. De mãos dadas rezamos naquela intenção, pois o Evangelho dizia: ‘se dois de vós concordarem acerca de um pedido, isso lhes será feito por meu Pai… porque onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. ’”

Os missionários do Santuário Nossa senhora de Lourdes – Botânico também partilham: “Durante nossas missões ocorreram duas situações em que foi possível experimentar a celebração ecumênica do amor e da palavra de Deus. Uma de nossas missionárias, Sra. Edilma, nos conta que na visita a um sindicato próximo da paróquia encontrou um irmão protestante que a recebeu muito bem, ouvindo e celebrando junto com a equipe missionária, parabenizando- a pelo trabalho de sair em busca do irmão o que tem se mostrado bastante gratificante na nossa paróquia.

Um segundo grupo, em uma visita à residência, encontrou irmãos evangélicos, relataram que foram recebidos e que conversaram de temas comuns aos cristãos, que é o amor ao próximo e a palavra de Deus. Nesse ambiente propício e em torno dessa palavra, até mesmo a menção à Maria não foi refutada, uma vez que o enfoque foi sua missão missionária, onde ela foi a primeira a guardar em si a palavra de Deus. A casa que nos acolheu conversou sobre as dificuldades e alegrias de sair em missão terminando com uma oração e a Ave Maria.”

O ecumenismo nos leva a compartilhar, a conviver com as diferenças, a exemplo do samaritano, que mesmo com celebrações distintas das nossas estende sua mão. Nossos irmãos evangélicos abrem as portas porque esses também saem em missão e conhecem as dificuldades e alegrias desse ministério onde o risco de portas e caras fechadas é muito alto e a alegria de ser atendido por um irmão é reconfortante.

A partilha dessas experiências nos leva a reafirmar com o papa Francisco: “Queridos irmãos e irmãs, somos chamados por Deus a anunciar o Evangelho e a promover com alegria a cultura do encontro.”

Patryck Madeira 

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