Missões Permanentes: Onde estamos, para onde vamos?

Há pouco mais de um ano nossa Igreja de Curitiba decidiu iniciar um caminho de experiências missionárias em nossas comunidades paroquiais. É fato que muito já havíamos feito nestes mais de 120 anos de fundação de nossa Arquidiocese. Mas talvez, e de um modo decisivo, Deus nos conduziu nestes dias a assumirmos uma pastoral decididamente missionária.

Na teoria este parece ser um passo fácil de se dar. Mas na prática não é simples. Exige conversão, renúncia, coragem para rever estruturas, ânimo para deixar algumas práticas que não colaboram com a saída missionária e assumir outras com as quais talvez não estejamos tão acostumados. Em resumo, é preciso ousadia para iniciar um caminho que não sabemos direito no que vai resultar, certos de que é preciso iniciar. E o fazemos por fidelidade ao Evangelho da Alegria, que nos impulsiona a irmos ao encontro daqueles que ainda não experimentaram o frescor da mensagem evangélica.

Após um ano de experiências – de acertos e erros – nossas comunidades tem encontrado caminhos que as ajudam a se colocar em saída! Experiências belas que facilitaram e motivaram alguns a iniciar e outros a aderir o caminho já trilhado. Apresentamos aqui algumas destas experiências, brotadas de questionamentos que a princípio não tinham respostas, mas que o desejo de sair fizeram encontrar caminhos:

1) Como conquistar lideranças para iniciar as missões?

Se a comunidade ainda não tem experiências significativas de saída missionária, ou seja, se ainda está aplicando a maior parte de seus esforços na manutenção dos que a procuram, investindo pouco em ações destinadas para os que não vêm, será preciso dar os primeiros passos.

  • A primeira atitude do pastor responsável por este rebanho (clero e lideranças leigas) seráSENSIBILIZAR os fiéis, a começar pelo CPP até atingir a todos. Estudar os atuais documentos da Igreja (Aparecida, Evangelii Gaudium), as Diretrizes do Ano Missionário da Arquidiocese, e outros subsídios que ajudem a entender a urgência da saída missionária. Pistas de experiências:
    • Encontros de formação para o CPP
    • Rezar pelas missões, inserindo a preocupação nos momentos orantes da comunidade (liturgia eucarística, cultos, terços, horas santas, grupos de oração, entre outros.
  • Enquanto se sensibiliza a comunidade, pode-se dar início a uma segunda experiência importante: o PLANEJAMENTO. Nem sempre executamos tudo o que planejamos. E o planejamento não garante a eficácia das missões, mas não podemos iniciar as atividades sem um mínimo de organização prévia. Esta precisa ser feita pelo CPP da paróquia, a fim de que todos os seus representantes entendam a urgência e se comprometam com a missão. Pistas de experiências:
    • Dividir a comunidade em pequenos setores, pedindo ajuda às lideranças para identificar cada um (Residencial? Há estabelecimentos comerciais? Postos de saúde? Hospitais? Escolas? Condomínios? Que lideranças moram aí?)
    • Assembleia Paroquial, que indique as pistas de ação comum de toda comunidade, criando um calendário para início das missões.

2) Como vencer o medo de sair? 

Quando a comunidade já está sensibilizada, ou ao menos há um grupo de pessoas dispostas a iniciar, será preciso superar o desafio mais gritante de todo o processo missionário: o medo de sair. E só há uma maneira de se superar este medo – saindo e INICIANDO AS MISSÕES. Em dia previamente marcado, pode-se realizar a primeira experiência. Inicia-se com uma formação básica sobre visitas, seguida de uma oração de envio. A seguir, oportuniza-se breve experiência de missões ao redor do local do encontro (30min a uma hora no máximo). Ao final, todos retornam para os testemunhos.

É muito natural que o grupo de missionários sinta medo antes desta primeira experiência. Trata-se de algo novo para todos. Será preciso ajudá-los a superar este medo, mostrando a simplicidade do gesto de visitar: saímos para nos encontrar e rezar com as pessoas que abrirem suas casas. Em todas as comunidades que já fizeram esta experiência, o medo cede lugar à alegria de ter saído testemunhar o Evangelho. Aqueles, porém, que se recusarem terminantemente a sair, podem permanecer em oração por aqueles que foram.

3) Como criar vínculos entre os que foram visitados? 

Quando temos uma comunidade motivada pela alegria de sair e visitar, muitos se perguntam: o que fazer agora? Como suscitar “Igreja” entre aqueles que foram visitados?

  • Primeiramente será preciso QUALIFICAR AS VISITAS MISSIONÁRIAS, cultivando o espírito desinteressado e livre das visitas constantes. Não buscar efeitos imediatos. Que as visitas sejam momentos de experiências de fé e oração – encontro com o sagrado. Se os mesmos missionários visitarem frequentemente as mesmas famílias ou instituições, o espírito de comunidade surgirá pela via do afeto.
  • Quando surge o vínculo entre os visitados, então eles quererão, pelo gosto de ser Igreja, encontrar-se e formar uma PEQUENA COMUNIDADE DE FÉ. As pequenas comunidades são nossa meta. A experiência central de uma Igreja em saída – Paróquia renovada como Comunidade de Comunidades de fé reunidas ao redor da Palavra de Deus. A Pequena Comunidade atinge muito mais às pessoas que não tem uma vivência Paroquial constante. É a porta de entrada para a Igreja. É a Igreja em estado permanente de missão.

Mais do que passos burocráticos  de um processo, aqui se apresentam algumas ações  de nossas comunidades que brotaram do questionamento central: como fazer a experiência de saída de nossas paróquias? Não são etapas de uma receita, mas tentativas de encontro que ajudaram a provar o gosto de sair e ser Igreja missionária. A Equipe de Articulação das Missões em nossa Arquidiocese coloca-se a disposição de todos para a realização destas ou de outras experiências frutuosas que nossas paróquias promovem no intuito de sermos fiéis no mandato do Cristo: anunciarmos o Evangelho a toda criatura (Mt 28,20)!

Sejamos uma Igreja em saída!