Avizinham-se as Eleições

A atmosfera eleitoral já impregna os nossos ambientes: os jornais apresentam suas projeções; os meios de imprensa programam suas entrevistas; os especialistas observam a sensibilidade do eleitorado; as agendas dos candidatos já estão bem recheadas; nos veículos já se veem muitos adesivos; as rodas de conversas contemplam o tema das eleições.

Nem é preciso falar da grande crise política na qual imergiu nosso país. As decepções se enumeraram; também os comentários depreciativos sobre a política e os políticos se multiplicaram; uns qualificam de golpe o que outros dizem ser legítimo; o tom ofensivo deixa seus ecos; com facilidade as diferenças se tornam confronto. Em toda esta efervescência quais caminhos deveríamos escolher? Por mais que tenhamos razões para avaliações negativas, ainda assim é necessário nos deixar ensinar pelos antigos
chineses: “Acender uma vela é sempre mais sábio do que amaldiçoar a escuridão”.

Quero lembrar aqui uma frase do Papa Francisco, inspirada no pensamento de Paulo VI: “A política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum”. Com facilidade ouvimos, talvez até tenhamos falado, das muitas baixezas prevalecentes nos bastidores do mundo do poder. Isso se tornou tão comum que até os belos exemplos de coerência são ignorados. Cabe lembrar, porém, que testemunhar a fé nos ambientes políticos é muito mais desafiador do que fazê-lo desde dentro da Igreja.

A Igreja no Paraná, tencionando oferecer uma sadia reflexão e inspiração sobre a grandeza de sentido das eleições e da causa política, publicou, em forma muito pedagógica, uma Cartilha de Orientação Política. Sabemos todos que “o cidadão consciente participa da política”. Não se trata apenas de cumprir o dever do voto. É preciso cuidado e reflexão sobre as motivações pelas quais assumimos uma escolha. Seria pobreza de espírito se nosso voto se parecesse como mera reação a uma propaganda. Valeria o mesmo se nosso voto fosse apenas linguagem dos desiludidos.

Por fim, cabe repetir um parágrafo da cartilha acima citada: “Quando alguém diz que não tem nada a ver com a política, está esquecendo que isso tem consequências na sua vida: ter ou não ter emprego, transporte e escola para os filhos, remédios e médicos suficientes na saúde pública, vaga no hospital, estradas melhores e alimento para todos. Tudo isso passa pelos caminhos da política”.