Em cerimônia presidida pelo Papa Francisco na manhã do último domingo (15) na Praça São Pedro, foram canonizados os mártires de Cunhaú e Uruaçu, os primeiros do Brasil, os Protomártires do México – considerados os primeiros mártires do continente americano – além do sacerdote espanhol Faustino Míguez, fundador do Instituto Calasanzio Filhas da Divina Pastora, e do Frade Menor Capuchinho italiano Angelo de Acre.
Mártires de Cunhaú e Uruaçu
Os novos santos brasileiros são André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e outros 27 leigos, assassinados em Cunhaú e Uruaçu (RN) em 1645. Eles foram mortos por índios e soldados holandeses, de religião Calvinista, por defenderem sua fé católica.
Nessa época, os holandeses ocuparam o nordeste brasileiro e passavam pelas cidades levando um pastor protestante na tentativa de fazer com que os católicos renunciassem à sua fé. Durante a missa dominical do dia 16 de julho de 1645, soldados e índios invadiram uma capela em Cunhaú e assassinaram todos os presentes.
Assustados com o episódio, muitos moradores de Natal pediram asilo e se refugiaram em lugares improvisados. No dia 3 de outubro, foram levados para as margens do Rio Uruaçu, onde foram massacrados por índios e soldados holandeses armados. Segundo cronistas da época, o leigo Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas. Agonizante, Mateus repetia a frase “louvado seja o Santíssimo Sacramento”.
Protomártires do México
Foram canonizados também os Protomártires do México: Cristóvão, Antônio e João, crianças que morreram em 1527 e 1529 por não renunciarem à sua fé em Jesus Cristo. As crianças foram os primeiros nativos de etnia americana, convertidos à fé católica, a derramar seu sangue por Cristo no continente.
As crianças tinham por volta de 13 anos quando foram cruelmente mortas por seus conterrâneos. Em nome da sua fé católica, rejeitaram a idolatria e a poligamia. Cristóvão morreu em 1527 e Antônio e João em 1529. As crianças mártires de Tlaxcala foram declaradas Padroeiras da Infância mexicana.
Outras duas Canonizações
Por fim, o Papa Francisco canonizou ainda o sacerdote espanhol Padre Faustino Míguez, fundador do Instituto Calazans das Filhas da Divina da Divina Pastora, e o Frade Menor Capuchinho italiano, Ângelo de Acre.
Faustino Míguez nasceu em Xamirás, Espanha, em 1831. Ele dedicou-se à educação da infância e da juventude, aos sofrimentos e enfermidades da alma e do corpo do povo. Ciente da importância do papel da mulher na família e na sociedade, fundou, em 1875, o Instituto das Filhas da Divina Pastora, para a promoção humana e cristã das meninas, especialmente das mais pobres. Padre Faustino morreu aos 94 anos de idade no dia 8 de março de 1925.
Ângelo de Acre nasceu na Calábria, sul da Itália, em 1669. Aos 18 anos, entrou para o Convento dos Capuchinhos, em Acre. Como sacerdote, dedicou-se à pregação, simples e fervorosa, acompanhada de milagres e conversões, oração e muitos êxtases. Seis meses antes de morrer, foi acometido de cegueira. Em 1739, com 70 anos de idade, expirou serenamente na sua terra natal, Acre, onde seus restos mostrais descansam em um grande santuário.
Fonte: Rádio Vaticano