Razões para cantar a Liturgia

Gold Treble Clef
Gold Treble Clef

Queridos e amados irmãos e irmãs, vamos continuar refletindo sobre o canto litúrgico tão importante e necessário em nossas celebrações.

São experiências que vamos adquirindo cada vez que fazemos nossos encontros e formações em nossa Paróquia. Apresento algumas razões para cantar a Liturgia, e como já estamos no tempo da quaresma, podemos conferir algumas orientações e lembretes que estão no diretório de liturgia.

Pretendemos neste ano focar a temática em nossos encontros de Liturgia na arquidiocese sobre o Canto litúrgico, mostrando a beleza que temos em nossos cantos dentro de nossas celebrações. Os encontros serão sempre em nível de Região Episcopal. Portanto, entendamos um pouco sobre as razões de cantar a liturgia:

  1. Teológica: celebrar a ação de Deus em nossa vida – A liturgia cristã é celebração da ação eficaz do Deus
    Uno e Trino na vida da Igreja e dos fiéis, conformando-os cada vez mais intimamente a Cristo e inserindo-os na comunhão da Trindade pela força do Espírito. Em resposta a esta ação de Deus, a Igreja se une em assembleia de culto, louvor e ação de graças. A liturgia deve introduzir o cristão no mistério de Deus não só com palavras, mas através de ritos, gestos e símbolos. Neste contexto, a expressão artística é a mais apropriada forma de expressão; a música e o canto ocupam lugar privilegiado, pois são meios extraordinários de estabelecer uma comunhão com Deus. A poesia, aliada à melodia, eleva o coração humano a Deus.
  2. Cristológica: celebrar o mistério pascal do Senhor – O canto litúrgico brota do Mistério Pascal do Senhor (vida, paixão, morte e ressurreição). Dessa origem do canto cristão brotam características como a dimensão pascal da vida e do cantar, em que a última palavra é a ressurreição e a vida plena. É, portanto, um canto marcadamente esperançoso. A festa no Senhor Ressuscitado produz a essência do nosso cantar.
  3. Pneumatológica: cantar no espírito – A oração cristã não é somente para Deus, mas em Deus. O cantar em Deus qualifica o nosso canto e a nossa celebração como um canto entusiasmado (en – Theous). Os apóstolos, na manhã de Pentecostes, pareciam bêbados porque estavam entusiasmados = cheios do Espírito Santo. A assembleia que canta no Espírito faz ressoar um canto que é verdadeiro clamor que brota do fundo da alma, cheio de fervor, de alegria no Espírito, como diz o Apóstolo.
  4. Eclesiológica: cantar em comunidade – O canto é atividade essencialmente comunitária. A Igreja expressa, maravilhosamente bem, a sua realidade de comunhão e participação por meio do canto comunitário. Não há reunião, festa, congresso algum, de qualquer natureza, esportiva, cultural, religiosa, civil e militar, que não ponha no canto, nos hinos, a sua esperança de coesão interna e de afervoramento em relação aos objetivos e propósitos que quer alcançar. A participação comunitária não se dá só diretamente cantando, mas ouvindo e apreciando: deixando-se envolver pela beleza da música. No caso da Igreja, o canto não possui só uma função catártica (de alívio, purificação…), catalisadora (de estímulo, de dinamismo, de incentivo…) e motivadora, mas é sacramento, é simbolismo, isto é:

O canto é um dos elementos que compõem a visibilidade, a corporeidade do simbolismo sacramental. Por meio deste sinal sensível, a Palavra cantada é veículo do encontro de Deus conosco e dos fiéis em Cristo entre si. O canto e a música na celebração litúrgica remetem à linguagem superior, expressam melhor a oração, favorecem a unidade, enriquecem e solenizam a celebração, exercem uma função ministerial.

Pe. José Airton de Oliveira
Coordenador da Comissão Litúrgica