Se o meu irmão está com fome, é meu problema espiritual

Em tempo de Quaresma, é importante olhar para dentro e perceber nossa necessidade de conversão – essa que nunca é um processo terminado, mas uma busca permanente, assim como a fraternidade. A fraternidade, em tempos de tanta violência, tem um significado bastante matizado. Quem crê, quem quer seguir Jesus Cristo é chamado a lançar o olhar para o outro, vendo-o como um irmão.

A atmosfera que se respira atualmente é de muitos comportamentos defensivos e agressivos. As causas de tanta violência podem se explicar por muitos caminhos, mas que se conjugam. Onde houver graves contrastes sociais, haverá também graves contrastes de oportunidades: isso é uma questão sociológica.

No entanto, há também a questão espiritual: se o meu irmão está com fome, é meu problema espiritual. Se o meu irmão não compreende o que significa fraternidade, quem compreende é chamado a testemunhar.

Essas ações se contrapõem a atitudes de violência que estão se tornando quase espontâneas. Estão todos a se defender de todos, todos a suspeitar de todos. Não é possível viver num contexto assim. Aí está nossa responsabilidade: quem quer dar uma resposta a Deus precisa olhar para a situação na qual vive. Afinal, o próprio Deus decidiu se revelar numa história como a nossa, tão marcada por contradições.

Para nós, católicos, como começar a promover a paz, a vencer a violência? Melhor começar a partir de dentro de nós. Vamos aproveitar esta Quaresma, meu irmão, minha irmã, para perdoar a quem ainda não perdoamos. Se isso não acontecer, ainda que não tenhamos comportamentos violentos na exterioridade, na interioridade a violência nos fragmenta. Fará um bem imenso para quem é perdoado, mas é um bem muito maior para quem perdoa. Assim, será bem mais espontâneo irradiar e testemunhar atitudes pacificadoras. Uma boa Quaresma!