Na Semana Mundial dos Pobres – de 12 a 19 de novembro -, a Arquidiocese de Curitiba tem realizado ações para atender ao pedido do Papa Francisco, que é de criar uma cultura de encontro com as pessoas excluídas. A semana iniciou com a distribuição de folders às paróquias, explicando o que é o Dia Mundial dos Pobres e incentivando os católicos a refletirem sobre o drama social vivenciado pela parcela mais empobrecida da população.
Na quinta-feira, 16 de novembro, Dom Francisco Cota, bispo auxiliar de Curitiba e referencial para a Dimensão Social na Arquidiocese de Curitiba, iniciou sua participação em uma série de quatro eventos junto com a população em situação de rua. Os eventos foram planejados para dar visibilidade aos projetos caritativos realizados em Curitiba e região metropolitana. Neste dia, o bispo esteve com a população atendida semanalmente pela Pastoral do Povo de Rua, na Catedral Anglicana de Curitiba. Foi realizada uma benção a eles e em seguida o bispo almoçou com o povo de rua.
“Estes eventos que marcam a Semana Mundial dos Pobres são para marcar uma igreja solidária, que vai ao encontro de todos aqueles que estão sofrendo com a marginalidade. São muitas pessoas entre nós que estão excluídas, sem emprego, muitas vezes ao relento”, disse Dom Francisco. “A Igreja quer estar com estas pessoas e convidar toda a sociedade para enfrentar este drama social. Temos que transpirar a solidariedade. Isso tem que estar dentro de nós no dia a dia”, complementa.
O tema da semana é: “Não amemos com palavras, mas com obras”. Além deste evento de quinta-feira, outros três foram planejados para a semana. Na sexta (17) pela manhã, houve a visita de Dom Francisco ao projeto social voltado para pessoas em situação de rua, desenvolvido pelas Irmãs Vicentinas. No domingo (19), haverá a benção ao projeto social “Acolhida Franciscana”, promovido pelos Frades Menores. A partir das 12h, haverá momento de espiritualidade e almoço com as pessoas em situação de rua. Será na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Perdões (Praça Rui Barbosa, 149 – Centro).
Também no domingo, haverá programa de ressocialização de pessoas em situação de rua, desenvolvido pela Fraternidade de Aliança Toca de Assis. Haverá celebração da Santa Missa, às 14h, seguida de momento de convivência com os moradores da Casa. Será na Toca de Assis (Rua Roberto Simonsen, 300 – Guabirotuba).
Saiba mais sobre o Dia Mundial dos Pobres:
*Conteúdo extraído do folder da Arquidiocese de Curitiba, preparado pela Comissão da Dimensão Social.
Primeiro “Dia mundial dos pobres”.
Por meio deste folder, queremos divulgar e motivar a todos que participam das celebrações e das comunidades de nossa Arquidiocese, bem como todas as pessoas de boa vontade, a acolhermos a proposta do “Dia mundial dos pobres”, instituído pelo papa Francisco, através da Carta Apostólica “Misericordiae et Misera”, dada em 20 de novembro de 2016; e reafirmado com a “Mensagem para o primeiro Dia Mundial dos Pobres”, publicada em 13 de junho de 2017.
Assim expressa o papa:
Termina o Jubileu e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece sempre aberta de par em par. Aprendemos que Deus Se inclina sobre nós (cf. Os 11, 4), para que também nós possamos imitá-Lo inclinando-nos sobre os irmãos. A Porta Santa, que cruzamos neste Ano Jubilar, introduziu-nos no caminho da caridade, que somos chamados a percorrer todos os dias com fidelidade e alegria. Querer estar perto de Cristo exige fazer-se próximo dos irmãos, porque nada é mais agradável ao Pai do que um sinal concreto de misericórdia. (cf. Misericordiae et Misera, n. 16).
A cultura do individualismo exacerbado, sobretudo no Ocidente, leva a perder o sentido de solidariedade e responsabilidade para com os outros. As obras de misericórdia corporal e espiritual constituem até aos nossos dias a verificação da grande e positiva incidência da misericórdia como valor social. (cf. Misericordiae et Misera, n. 18). O caráter social da misericórdia exige que não permaneçamos inertes, mas afugentemos a indiferença e a hipocrisia para que os planos e os projetos não fiquem letra morta. Eis que somos chamados a dar um novo rosto às obras de misericórdia (cf. Mt 25, 31ss), que conhecemos desde sempre. (idem, n°. 19).
Sejamos promotores da cultura de misericórdia, uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos. É próprio desta cultura a solidariedade concreta para com os pobres. A tentação de se limitar a fazer a “teoria da misericórdia” é superada na medida em que esta se faz vida diária de participação e partilha. Não podemos esquecer-nos dos pobres (cf. Gl 2, 10): trata-se de um convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica. (idem, n°. 20)
Que a experiência do Jubileu da Misericórdia faça com que as nossas comunidades abram-se para alcançar a todas as pessoas que vivem no seu território, para que chegue a todas a carícia de Deus através do testemunho dos crentes. E que assim os pobres sintam pousado sobre si o olhar respeitoso e atento daqueles que, vencida a indiferença, descobrem o essencial da vida (idem, n°. 21).
É meu desejo que, como sinal concreto deste Ano Santo extraordinário da Misericórdia, se celebre em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres. Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e os pobres e nos há de julgar (cf. Mt 25,31-46) sobre as obras de misericórdia. (idem, n°. 21).
As palavras do apóstolo João – “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1Jo 3,18) – exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, de forma concreta, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres (Mensagem para o 1º Dia Mundial dos Pobres n°. 01).
O apóstolo Tiago, usa expressões fortes e incisivas na sua carta: “De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? … Sem as obras, a fé está completamente morta”. (cf. Tg 2). Contudo, não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. (idem, n°. 02)
Também São João Crisóstomo adverte que se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia (cf. São João Crisóstomo – Hom. in Matthaeum, 50,3: p 58). O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades. (idem, n°. 03).
Conhecemos a grande dificuldade que há, no mundo contemporâneo, de poder identificar claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Perante este cenário, não se pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. Somos desafiados a responder ao drama da pobreza, em suas várias facetas, com uma nova visão da vida e da sociedade. (idem, n°. 05).
O Dia Mundial dos Pobres, que proponho, visa levar as comunidades cristãs a se tornarem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor, sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados. Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. (idem, n°. 06)
Desejo que, na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres, entre o XXXII e o XXXIII domingos do Tempo Comum, as comunidades cristãs se empenhem na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta. Poderão ainda convidar os pobres e os voluntários para participarem, juntos, na Eucaristia deste domingo. Também, neste domingo, se viverem no nosso bairro, pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2), acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que nos ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. (idem, n°. 07)
Na base das múltiplas iniciativas concretas que se poderão realizar neste Dia, esteja sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é “nosso”, e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum. Nesta oração, todos reconhecemos a exigência de superar qualquer forma de egoísmo (idem, n°. 08).
Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. (idem, n°. 09)
Fotos da benção realizada no dia 16/11 com a Pastoral do Povo de Rua:
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