Testemunho de uma leiga comprometida com uma Igreja em Saída

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Neste Mês Missionário Extraordinário, estamos lançando em nosso site alguns testemunhos inspiradores que nos apontam para uma Igreja em Saída. Confira hoje o relato da leiga Marluce Baião Bely e o trabalho que realiza junto com população de venezuelanos em Curitiba:

 Testemunho Missionário

* Por Marluce Baião Bely – publicado na Revista Voz da Igreja out/2019

 

Sou uma leiga, casada, do Santuário Paróquia N. Sr.ª da Salette, integrante do COMIDI e do Movimento dos Focolares. Quero partilhar uma divina aventura missionária que vivemos com a chegada dos irmãos venezuelanos em Curitiba. Tudo começou em 18 de novembro de 2018, quando o Papa lançou o desafio de vivermos o Dia Mundial do Pobre. Nossa Arquidiocese de Curitiba, em espírito de comunhão, convocou todas as paróquias a fazerem a experiência da Mesa Fraterna.

O Santuário Salette decidiu que nossa convivência seria com venezuelanos que estavam no abrigo Dom Oscar Romero, na Vila Fanny. Sentar-me com minha família à mesa com alguns venezuelanos foi o suficiente para entender que a realidade de cada um era um campo de missão, seria impossível nos omitir. Não podíamos cruzar os braços, mas sim abri-los para acolhê-los, e isso mudou completamente nossas vidas. Digo “nossas” porque essa aventura já não podia mais ser vivida sozinha. Além dos membros do Santuário Salette, que não pouparam esforços, muitos foram se juntando a nós e passamos a nos identificar como um grupo inter-paroquial e ecumênico que chamamos de “Fraternidade Sem Fronteiras”.

Acompanhamos esses irmãos venezuelanos em todas as suas etapas: a busca por moradia, sua subsistência com alimentos, roupas, calçados, cobertas, os móveis e itens para mobiliar e equipar suas casas e o maior dos desafios, a busca por emprego.
Na prática, com nossa presença pessoal e constante na vida de mais de 90 famílias, que envolve mais de 300 pessoas, já vivíamos o lema da Semana do Migrante: “Acolher, proteger, promover, integrar e celebrar. A luta é todo dia”.

Acolhemos: em muitos casos os acompanhamos desde a chegada no aeroporto ou abrigo provisório. Houve até quem teve a santa ousadia de acolher famílias em sua casa até que tivessem para onde ir. Protegemos: de forma muito imediata e cheia de amor, fazemos com que sejam atendidos com alimentos, cobertas, roupas, calçados, remédios e demais bens materiais. Promovemos: muitos venezuelanos chegam a Curitiba por conta própria, sem apoio de organizações ou entidades. Para esses, encaminhamos documentação, elaboramos currículos, tentamos fazer a ponte para que possam se beneficiar de assistência social e cursos de capacitação. Integramos: Identificamos a paróquia mais próxima, fazemos a ponte, informamos o endereço e testemunhamos o que já sabemos sobre a família. Celebramos: Tudo vira oração e gratidão. Muitos dos atendidos já querem participar de encontros e celebrações conosco, além de quererem auxiliar seu povo nessa ação missionária.

Somos poucos ainda diante do grande número de venezuelanos em nossa cidade. Estima-se que tenhamos atingido, até este mês de outubro, o número próximo a 2.250 venezuelanos no Paraná, sendo a grande maioria em Curitiba.

O trabalho missionário cresce cada vez mais. Aqueles que são amados costumam ser solidários e indicam o caminho da ajuda para seus amigos ou nos ligam para falar que alguns dos seus irmãos estão passando frio ou fome. Procuramos dar o melhor de nós para satisfazer a maior necessidade de cada um: sentir-se amados por Deus através de nós. E a multiplicação das doações nos surpreende. É algo sobrenatural! Alguém nos pede algo que não temos, mas podemos acolher suas dores. Em pouco tempo, alguém nos liga dizendo que tem aquilo para doar. Muitos ligam oferecendo ajuda concreta com doações e nem sabemos como conseguiram nosso contato.

Nesta nova fase de atuação e ajuda efetiva queremos canalizar nossos esforços para a busca de emprego. Precisamos inseri-los no mercado de trabalho e, assim, vivermos com eles a alegria da conquista da autonomia financeira.

Estamos com duas campanhas que sentimos serem fundamentais em nossa missão: 1) Conseguir cartão transporte para possibilitar o deslocamento para os inúmeros que ainda estão na fase de entregar currículos, passar por processo seletivo, entrevistas e documentação necessária para as contratações; 2) Oferecer uma Bíblia para todos aqueles que não têm e desejam.

Nossa maior recompensa? Muitos sorrisos, abraços, palavras de gratidão, bênçãos (Dios le bendiga!) e o encontro concreto com Deus: nós em cada um deles e eles através de nós! E os testemunhos são muitos! Somos realizados e em paz por estarmos contribuindo com uma grande ação missionária e humanitária e ajudando a construir a Cultura da Fraternidade, em que não há barreiras nem fronteiras, porque SOMOS TODOS IRMÃOS!

Venha conosco! Vivamos, de forma concreta, o Estado Permanente de Missão!