Um Grito de Alerta e de Esperança

Há 23 anos no dia 7 de setembro acontece em todo o país o Grito dos Excluídos, uma forma de chamar a atenção para a necessidade do diálogo e reflexão sobre as várias faces da exclusão na nossa sociedade. Neste ano, o tema “Vida em primeiro lugar – por direitos e democracia, a vida é todo dia” foi a forma de promover a reflexão sobre a exclusão social.

O Grito dos/as Excluídos/as nasceu da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era “Fraternidade e os excluídos” e que tinha por lema “Eras tu, Senhor?” Desde então, a cada ano, na Semana da Pátria, por todo o Brasil, setores ligados às pastorais sociais da Igreja Católica, outras igrejas, movimentos sociais e organizações da sociedade civil vem articulando e realizando o Grito dos/as Excluídos/as.

Em Curitiba, o ‘Grito’ será na Vila das Torres, com concentração a partir das 8h30, na Paróquia São João Batista.

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mais informações no dia: Salete Bez – 99778-3338 / Maria Inês – 99645-5603

Confira poema de João Santiago em comemoração ao Grito dos Excluídos.

Grito de Alerta e de Esperança

O meu grito é agudo até no som
Grito de dor, o meu grito é feminino
O meu verso é o grito penoso do sino
Que dobra pelo jovem que morreu
Seu futuro, um comprou, outro vendeu
Com que direito mataram a democracia?
Eu grito a falta de vergonha e a covardia
E te convido a também querer gritar
Porque é da vida o primeiro lugar
Porque a luta, você sabe, é todo dia
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O meu grito é pra justiça que se vende
Magistrados que usam a toga pra matar
Grito ao demônio que por ser parlamentar
Demoniza a justiça, o direito e a inocência
Sendo o Estado o pai de toda a violência
A esperança grita mais alto a cada dia
Quem trabalha não terá aposentadoria
Foi um golpe, foi traição, vamos gritar!
Porque é da vida o primeiro lugar
Porque a luta, você sabe, é todo dia
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O meu grito é de alerta e de esperança
Não me rendo, não me curvo e não me entrego
Minha Igreja é a rua, é a praça onde congrego
Minha fé é uma espada afiada que me corta
Pra ver Deus já não preciso abrir a porta
Sigo a Palavra, não é o templo e nem o altar
Grito a fome e a miséria de quem vive pra matar
Grito o grito de quem grita em Romaria
Porque a luta, você sabe, é todo dia
Porque é da vida o primeiro lugar
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Eu grito o grito de quem grita e não se cansa
Quer ter Terra, quer Trabalho e quer ter Teto
Quer ter saúde, educação, justiça e mais afeto
Sem ter vergonha de lutar, de gritar e resistir
Não fazem pacto com os que dizem que mentir
É uma virtude e ser esperto é saber roubar
Fazer versos é o meu jeito de viver e de falar
O meu jeito de gritar tem como arma a poesia
Porque a luta, você sabe, é todo dia
Porque é da vida o primeiro lugar
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Grito o grito da Terra escravizada
E que Deus nos deixou como herança
Hoje é um palco de tortura e de matança
E objeto o da cobiça de estrangeiros
Homens públicos, sem escrúpulo e trapaceiros
Deram-nos um golpe e não param de roubar
Enquanto vivo estiver eu vou gritar
Ninguém vai me tirar a rebeldia
Porque a luta, você sabe, é todo dia
Porque é da vida o primeiro lugar

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Grito a Deus que escuta e não se cala
Desce e age e não se cansa de ser bom
Grito à vida que recebo como um dom
Aos covardes não devo atenção nem lealdade
Profetizo e prego uma Nova Mentalidade
Que resgate de vez a nossa soberania
Sou esperança, juventude, sou utopia
Ninguém vai conseguir me derrubar
Porque é da vida o primeiro lugar
Porque a luta, você sabe, é todo dia.

Fonte: Poema de João Santiago, coordenador da CF-2017 da Arquidiocese de Curitiba