A Igreja Católica do mundo inteiro, a pedido do Papa Francisco, realizou uma das maiores consultas aos fiéis de toda a sua história. A proposta do Sínodo 2021-2023 era de que as dioceses fizessem uma intermediação entre os católicos e o Vaticano, como forma de preparar e abastecer o Sínodo dos Bispos marcado para acontecer em outubro de 2023, no Vaticano.
Caminho Sinodal
Na Arquidiocese de Curitiba, o processo de escuta sinodal teve início em março de 2022, com a formação e preparação dos presbíteros, em sua reunião geral. Com o itinerário sinodal em mãos e muito discernimento, as 143 paróquias – com suas comunidades, pastorais, movimentos e serviços – foram convocadas a realizarem as consultas. O resultado foi bastante expressivo: 91% das paróquias entregaram os questionários respondidos.
O processo sinodal também envolveu 25 Congregações Religiosas e as 13 Comissões Arquidiocesanas de Pastorais, além de alguns casos especiais de pessoas afastadas da fé e à margem da Igreja. Os questionários foram então encaminhados aos 15 Setores Pastorais e culminaram com o debate nas três Regiões Episcopais da Arquidiocese.
O relatório final
A primeira constatação ampla e quase unanimemente manifestada nas comunidades paroquiais é a carência de espiritualidade de escuta e acolhida, principalmente aos que estão afastados da fé ou à margem do caminho, como casais em segunda ou mais uniões, pessoas LGBTIA+, migrantes, entre outros.
Nesse sentido, verificou-se a necessidade de estabelecer canais bem definidos de efetiva escuta, por meio da acolhida, atendimento pessoal, redes sociais ou outros meios de comunicação. O documento ressaltou:
“A comunicação social em nossas paróquias necessita de maior aperfeiçoamento. É importante nos fazermos presentes nas redes sociais com competência pastoral, evangelizadora e técnica, como um dos meios para contagiar a humanidade pelo Evangelho.”
O relatório apontou a criação imediata de mecanismos de avaliação e autoavaliação periódica entre as lideranças, ordenadas e leigas, na busca de soluções conjuntas dos problemas.
Sobre a religião católica, percebeu-se a necessidade de criar uma vivência de espiritualidade para testemunhar a fé e conscientizar o real significado do que é ser católico, justificado no texto:
“Ser católico não é somente assistir missas, mas participar com intensidade na celebração da sua comunidade de pertença, onde a vida e a fé se conjugam harmonicamente.”
Também foram citadas a postura dos sacerdotes, ainda conservadora e clericalista; a urgente necessidade de formação e capacitação de membros de pastorais e movimentos; a importância do ecumenismo e do intercâmbio da Igreja com a sociedade civil nas questões sociais; a requalificação da Pastoral Familiar, diante de todos desafios enfrentados pela família na atual sociedade plural e multicultural e a utilização de uma linguagem menos teológico-doutrinal e mais catequético-pastoral para formar o Povo de Deus na escuta da Palavra.
Na conclusão, a equipe de reflexão do Sínodo da Arquidiocese de Curitiba, destacou todo o processo de forma positiva:
“Temos a consciência de que o processo sinodal que envolveu todas as instâncias arquidiocesanas foi muito mais importante que o resultado. Percebemos que o processo sinodal foi uma importante tomada de consciência, pois movidos pela fé, despertou-nos a uma maior sensibilidade humana, cuja fonte é o próprio Deus e a comprometimentos solidários.”
ACESSE AQUI o Relatório Final do Processo Sinodal da Assembleia Arquidiocesana de Curitiba para o Sínodo dos Bispos 2021-2023 na íntegra.
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Por
Rubhia Morais
Jornalista e Coordenadora de Comunicação da Arquidiocese de Curitiba