A Igreja Católica celebra no dia da Páscoa a maior festa litúrgica.
O Natal, com o nascimento de Cristo, coloca-se entre as maiores festas da Igreja Católica, mas não é a maior.
A Sexta-feira Santa é o dia em que os católicos ficam comovidos diante da Paixão e Morte de Cristo. As encenações da Paixão e Morte de Cristo atraem milhares de pessoas, assistindo com o maior silêncio, comoção, muitos chegando a chorar.
Mas muitos ainda não entenderam que a Páscoa, que é a Ressurreição de Cristo, não é tão participada, como o Natal e Sexta-feira Santa.
Aliás nem os Apóstolos, os Discípulos de Emaús, Maria Madalena no primeiro momento, com o sepulcro vazio, acreditaram que Cristo ressuscitou.
Cristo tinha dito explicitamente três vezes que em Jerusalém iria sofrer muito. Morrer e ressuscitar ao terceiro dia (MT. 16, 21, 17, 22-23; 20, 17 – 19).
No primeiro anúncio, Pedro reagiu, chegando a repreender a Jesus, dizendo: “Deus, não o permita, Senhor. Isso jamais acontecerá”.
No segundo anúncio, foi na Galileia e não entenderam (Mc. 9, 30 – 32).
Na terceira vez, Cristo anunciou só aos Apóstolos, enquanto caminhavam para Jerusalém. Nada entenderam eles. Era um anúncio obscuro para eles e não compreendiam o que lhes disse (Lc. 18, 31 – 34).
É verdade que o sepulcro vazio não é argumento maior, porque de fato podiam os sumos sacerdotes em conluio com os soldados tirar o corpo e escondê-lo. Foi necessário que Cristo aparecesse a Pedro, aos doze Apóstolos, inclusive um dia especialmente a Tomé, que acreditaria, se tocasse em suas chagas, aos discípulos de Emaús, a Maria Madalena e a mais de 500 irmãos de uma vez, a maioria ainda vive (I Cor. 16, 16).
A aparição de Cristo Ressuscitado dissipou toda a dúvida sobre sua Ressurreição. Os Apóstolos, Maria Madalena, S. Paulo convertido foram testemunhas autênticas de Cristo Ressuscitado.
A Ressurreição de Cristo é a garantia da verdade de sua divindade, o Verbo eterno, Filho de Deus Pai, encarnado no seio da Virgem Maria, feito homem, semelhante a qualquer homem, exceto no pecado.
A Ressurreição de Cristo é efetivamente o testemunho de sua missão de salvador dos homens, agindo de acordo com a vontade do Pai. Por duas vezes, no Jardim das Oliveiras, Jesus disse: “Meu Pai, seja como tu queres, seja feita a tua vontade (Mt. 26. 39 – 42).
A Ressurreição de Cristo é o selo da autenticidade divina de Cristo histórico, começando depois do batismo por João Batista, partindo da Galileia, fazendo o bem a todos, pelos seus ensinamentos, perdoando os pecadores para reconciliá-los com Deus Pai e curando todos os doentes que recorriam a Ele com fé.
A Ressurreição de Cristo atesta o Cristo da fé vivo na Eucaristia e presente no mundo. “Estarei convosco até o fim do mundo” (Mt. 28, 20).
Se não acreditamos em Cristo ressuscitado, “inútil é a nossa fé, vazia nossa pregação” (I Cor. 15, 14).
Na festa da Páscoa, cada um de nós deve fazer uma profunda profissão de fé, testemunhando Jesus Cristo Ressuscitado.
O Papa Francisco insiste, dizendo a todos que anunciem Cristo Ressuscitado às pessoas íntimas da família e até as de longe. Sejamos testemunhas vivas da Ressurreição de Cristo, corajosos como Pedro, cheios de amor como Maria Madalena, indo de madrugada, ao sepulcro, ainda escuro, ardorosos como os Discípulos de Emaús, que apressadamente voltaram a Jerusalém para anunciar que Cristo Ressuscitado lhes apareceu (Lc. 24, 33 – 35).
Que cada um de nós assuma nesta Páscoa do Ano Missionário na Arquidiocese de Curitiba o compromisso de anunciá-lo às pessoas da família e aos de longe também.
Dom Pedro Marchetti Fedalto
Arcebispo Emérito de Curitiba