Inspirados na viagem histórica do Papa Francisco ao Iraque e da visita do Pontífice ao Grão Aiatolá, Al Sistani, além do encontro inter-religioso realizado em Ur dos Caldeus, os dois maiores líderes do Catolicismo e do Islamismo na capital paranaense se encontraram na tarde desta terça-feira, na Cúria Metropolitana de Curitiba. O arcebispo metropolitano, Dom José Antonio Peruzzo, e o Sheik Vahid Khodabakhshi, líder muçulmano, falaram de tolerância, da satisfação de estarem juntos e da importância das demonstrações de cordialidade entre as duas vertentes religiosas.
O encontro aconteceu no Salão Nobre da Cúria Metropolitana. “Estou muito feliz de receber o Sheik nesta casa. Quero registrar a alegria deste dia”, afirmou Dom Peruzzo. O Sheik Vahid iniciou sua fala com a saudação “Salamalekum”, que quer dizer “a paz esteja com vocês”. Os dois destacaram a importância do encontro do Papa Francisco com o Aiatolá Al Sistani, no último fim de semana. “Foi a primeira vez que um Papa foi recebido na casa de um líder islâmico. Al Sistani é um dos maiores sábios muçulmanos da atualidade. Eles quiseram mostrar a importância da união das religiões monoteístas”, afirmou o Sheik. “O Iraque é o berço das religiões monoteístas. Naquele encontro, vimos dois anciãos mostrando que se querem bem”, lembrou Dom Peruzzo, que, assim como o Papa Francisco, pediu perdão aos irmãos muçulmanos: “Quero pedir perdão em nome desta Arquidiocese e dos cristãos de Curitiba porque alguns curitibanos hostilizam os muçulmanos.”
O Sheik Vahid também fez questão de explicar o apreço que os muçulmanos têm por Jesus e por Maria. “O profeta Jesus é citado mais vezes que o profeta Maomé no Alcorão. Nosso respeito é por todos os profetas, desde Adão. E Santa Maria, a quem chamamos Maria Sagrada, é também citada em diversos versículos do nosso livro sagrado”, disse. Dom Peruzzo também destacou este ponto de proximidade, falando sobre o carinho dedicado pelos muçulmanos a Jesus e a Maria.
Sobre a intolerância religiosa que paira em todo o mundo, ambos falaram sobre a importância de se superar as diferenças. “Neste momento difícil em que o mundo todo está enfrentando esta pandemia, precisamos de mais união. Precisamos fortalecer a nossa fé. Há muitas pessoas precisando da nossa ajuda. Todas as religiões pregam a paz, o amor e a justiça. Cristãos e muçulmanos não são inimigos, são irmãos”, frisou o Sheik. Já Dom Peruzzo salientou que é fundamental o respeito aos diferentes credos. “Quem não é capaz de interpretar de maneira benévola os outros modos de crer está desfigurando o nome do Deus em quem diz crer. Nada ofende mais a Deus do que humanos desprezarem seu semelhantes em Seu nome. Isso não é um gesto de fé, nem de fidelidade. É um gesto tirânico, um erro grosseiro”, ressaltou.
Os dois líderes religiosos conclamaram os fiéis a uma vida de maior tolerância. “As pessoas devem respeitar as outras religiões. Onde a maioria é de uma crença, esta maioria deve respeitar as minorias de outras religiões”, comparou o Sheik, lembrando que no Iraque a grande maioria é muçulmana, enquanto no Brasil a maioria é cristã. “Quando se busca a paz, a diferença é benfazeja. Já quando não se quer a paz, até a igualdade se torna hostil”, concluiu Dom Peruzzo. Ao se despedir, Sheik Vahid presenteou Dom Peruzzo com dois livros sobre o Islamismo.
Jornalista Adriane Werner (Mtb 3413) – coord. Comunicação Arquidiocese de Curitiba
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