Por Luis F. Bastos
Neste ano de 2024 a Paróquia são Lucas completou 32 anos de fundação. Antes, porem, de se tornar paróquia era uma rede de seis comunidades que pertencia juridicamente à paróquia São Francisco de Assis e em 1980 quando foi fundada a paróquia São Pedro Apostólo é pra lá que vão estas comunidades. No final da década de 80 a arquidiocese de Curitiba refaz o mapeamento e com as novas divisões na região eclesiástica, em 1992 nasce a paróquia São Lucas.
No final da década de 1960 e início de 1970 a região sul de Curitiba passava por grandes transformações. O índice populacional deu um salto gigantesco devido ao êxodo rural causado pelas novas tecnologias no campo e o inverno rigoroso nos anos seguintes ate a grande nevasca de 1975. A cidade não estava preparada para receber tanta gente. A região sul da cidade, principalmente os bairros Xaxim, Pinheirinho, Alto-boqueirão e Sitio Cercado, foram tomados pelo povo que vinha do norte, do oeste e do sul do estado, empurrados pela crise no campo.
Moradores dessa região sofriam com a falta de todo tipo de políticas públicas. Faltava emprego, transporte coletivo, creche, escola, posto de saúde, saneamento básico e uma série de outras benfeitorias. O município veio a realizar tais obras, anos mais tarde, com a pressão do povo, pressão essa que só foi possível a partir da organização de pequenas comunidades.
O bairro xaxim, principalmente essa região sudeste da BR 116, hoje Linha Verde, e ao sul – lado direito da Rua Francisco Derosso era praticamente esquecida pelo poder público. As pessoas não tinham a quem recorrer na hora do apuro. Restava apenas rezar e pedir a Deus que a vida fosse menos sofrida. Faltava tudo, só não faltava a esperança de dias melhores e, como diz o velho ditado: a esperança é a última que morre: Deus ouviu o clamor do povo. Em 14 de março de 1967 foi criada a paróquia São Francisco de Assis e o seu primeiro pároco quis mostrar que um mundo melhor e mais justo é possível, sim. A nova paróquia deu uma cara nova a Igreja de Curitiba.
Formado e ordenado padre em1958, Michelangelo Ramero ficou na Itália até 1963 quando em Roma acontecia o Concilio Vaticano II, momento em que as maiores autoridades eclesiásticas se reuniam para refletir e desenvolver os novos rumos da Igreja. Dentre as autoridades estavam o arcebispo de Curitiba e o arcebispo de Cúneo – Itália, cidade do Padre Michelangelo. Entre uma conversa e outra, os arcebispos falaram de suas dioceses e ao comparar o número de padres e de sua população, o arcebispo de Curitiba ficou espantado, pois Cúneo tinha uma população de pouco mais de 90.000 pessoas e 280 padres e, Curitiba com quase 800.000 pessoas tinha apenas 48 padres. Uma diferença esmagadora (Cúneo 320 pessoas por padre e Curitiba, 16.000). Em tom de brincadeira o arcebispo de Curitiba pediu “uns padres emprestados”, para levar consigo (MATOZO p. 18). A brincadeira tornou-se assunto serio e padre Michelangelo aceitou o convite e o desafio e embarcou para o Brasil.
Antes de vir para Curitiba fez uma experiência de três anos na cidade de Cascavel. Em 1967, já adaptado no Brasil, Pe Michelangelo chegou a Curitiba, bairro xaxim, com a missão de administrar a paróquia São Francisco de Assis e essa paróquia contava com oito ou dez comunidades formadas e algumas em processo de formação. Três estavam do lado de lá da BR
116 – região do Capão Raso e as outras do lado de cá. Entre estas estavam Jardim Europa, Xaxim, Campinas, e Jardim Paranaense. E localizada na parte mais baixa da região, denominada “favela do xaxim”, estavam São Pedro, Urano e Rex. As três últimas contavam com trinta famílias vivendo nas piores condições. (MATOZO, p.21)
Por obediência a nova constituição da Igreja – novo modelo depois do Concilio Vaticano II – ele quis pôr em prática as novas orientações e passou a levar a Igreja até as pessoas. Levando a igreja até as pessoas, trazia os seus problemas para dentro da igreja. O povo que ali se reunia para rezar, também discutia os problemas do dia a dia. Rezando, cantando e refletindo sobre tais problemas, as pessoas viram que a esperança em dias melhores estava ali, na organização do povo. Porque políticas públicas, que é direito do cidadão e dever do estado, nem em sonhos existiam.
Michelangelo ou, simplesmente padre Miguel, teve um grande desafio pela frente. Nascido e criado numa região da Itália onde não tinham os problemas sociais como os daqui, formado nos moldes tradicionais, agora teria que lidar, também, com o novo modelo de igreja. Entretanto não quis ficar lamuriando e foi procurar mais informações e formação para saber lidar com esse povo que Deus lhe confiou e que tanto necessitava de um verdadeiro pastor. Decidiu fazer valer o que diz o evangelho: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. (Jo 10,10).
Depois de algumas semanas de retiros e muitos livros e documentos lidos, voltou cheio de entusiasmo, chamou algumas pessoas da comunidade para ajudá-lo pôr em prática seus estudos. A partir daí o povo começa entender que o reino de Deus está próximo e esse reino é aqui e é construído com suas próprias mãos.
Por volta de 1969/70 são dados os primeiros passos para o nascimento de uma comunidade na planta Vista Alegre (N. Sra de Lourdes). As pessoas se reuniam nas casas pra rezar as novenas de natal, terços, via-sacra e campanha da fraternidade. Vendo a boa vontade e esforço dessa gente, Pe. Miguel preparou um curso de Formação de Lideranças. Esses novos líderes acompanhavam os grupos de reflexão Bíblica em família. De família em família a vizinhança ia se encontrando e se conhecendo, e aumentando cada vez mais o entusiasmo daquela gente. Em 1971 esses encontros passaram a se realizar num barracão cedido pelo senhor Osni Moscibroski e assim foi ate 1972 quando tiveram a oportunidade de comprar um terreno para construir a casa da comunidade.
O terreno da comunidade foi comprado com dinheiro emprestado e pago parcelado com juros. Para arrecadar dinheiro das parcelas do terreno foram feitas algumas festas, binguinhos e outros eventos. Também nessa época se inicia a preparação das missões, uma vez que a cada dia chegava mais e mais famílias vindas do interior do estado empurradas pela crise no campo. Quando os missionários chegaram para as pré-missões, em 1974, a casa já estava coberta. A construção se deu em mutirão: um doava um pouco de areia, outros doavam tijolos outros ainda, madeiras, cimento, cal e mão de obra. A exemplo dessa comunidade, outras também foram sendo construídas.
Nessa mesma época, nos mesmos moldes começa a nascer a comunidade ItamaratiColorado (Sag. Coração de Jesus). Tanto numa comunidade quanto na outra, os encontros eram motivados pela palavra de Deus, lida e meditada com o esforço e objetivo de pô-la em prática. Da mesma forma, um ou dois anos mais tarde no loteamento Duque de Caxias (São Jose) uma nova comunidade começa dar seus primeiros passos. Com muito esforço e trabalho árduo foi adquirido o terreno e construído a casa que acomodou a comunidade por muitos anos – hoje é a maior capela da paróquia.
Por volta de 1979/80 próximo dali, no Jardim Atalaia dá-se inicio a uma nova comunidade (N.Sra Aparecida). As primeiras missas eram celebradas na garagem do senhor Alberto e dona Dete. No final dessa década foi adquirido o terreno e posteriormente construída a casa da comunidade. Do outro lado da Rua Francisco Derosso, mas na direção da Vista Alegre, na planta São João havia outra comunidade com esse mesmo nome. Ali não foi diferente das demais. Por muito tempo as missa e celebrações eram realizadas na garagem ou varanda do Sr. Záttar que fica bem em frente a casa da comunidade. Hoje essa capela, São João, pertence a paróquia N. Sra das Vitórias.
Um pouco adiante do Jardim Atalaia e loteamento Duque de Caxias no alto do Jardim Maringá outra comunidade foi levantada nos anos 1970/71 com as mesmas dificuldades e desafios. Essa pertencia, na época, à paróquia São Jose Operário do Alto-Boqueirão. Com a criação da paróquia São Lucas, em 1992, ela veio de presente para fortalecer a família Lucana.
No mesmo ano da fundação da paróquia, 1992 mais um grupo animado aparecia na região. Os loteamentos Moradias Padilhas, Moradias União e Jardim Orquídeas contavam com um grupo fortíssimo de mulheres aguerridas que é conhecida como a comunidade mais feminina da paróquia. Enfrentaram muitas dificuldades desde o desânimo de algumas lideranças ate a falta de espaço para promover algum evento. A comunidade mudou de endereço duas ou três vezes. Começou na garagem de uma família, depois foi para outra e essa outra pediu a casa de volta e… até a aquisição do terreno foi outra novela. Não tinha a quem recorrer. Certo dia uma Freira – Ir Nazaré – entrou em contato com a sua congregação, Irmãs de Santa Catarina de Alexandria e conseguiu uma doação em dinheiro que serviu para dar entrada na compra do terreno e as parcelas foram pagas com muito trabalho. Se não fosse a garra e persistência dessas mulheres a comunidade Orquídeas (Santa Rosa) não existiria. Essa é a caçula da paróquia. As pendengas não conseguiram abalar a fé desse povo. Um dos animadores, o Sr. Juvenil, cantava um refrão que dizia tudo sobre a luta deles: Animados pela fé e bem certos da vitória, vamos fincar nosso pé e fazer a nossa história. E fazer a nossa história animados pela fé.
Voltando aos anos 1970/80 para falar da comunidade Demawe e a formação da paróquia.
Inspirados no que viram nas comunidades Vista Alegre e Itamarati-Colorado, os vizinhos da parte de baixo do bairro xaxim mais próximo ao Ribeirão dos Padilhas no loteamento Vila Mariana, São Jose e próximos da planta Demawe começaram um movimento semelhante: rezas nas casas, novenas, terços, via-sacra, leitura da bíblia e reflexão sobre a palavra de Deus.
Rezando, cantando e refletindo notaram que os vizinhos eram mais que irmãos e que os seus problemas eram semelhantes. Na região faltava quase tudo, infraestrutura era péssima, mas entre tudo o que faltava a maior preocupação era como e com quem deixar os filhos pequenos para trabalhar e as mães desempregadas que iriam procurar emprego. Algumas senhoras se prontificavam em cuidar das crianças para a vizinha, mas se ela precisasse sair para outra atividade, não tinha com quem deixar os pequenos. A solução seria uma creche. Surgiu, então, a ideia de se construir uma creche comunitária, mas de que jeito se ninguém tinha recursos?
“A voz do Espírito Santo ecoou bem alta e todos puderam ouvir”
Em meio as rezas e reflexão da palavra de Deus um dos membros do grupo de reflexão comentou que havia ali um movimento de pessoas necessitadas de moradia e não podiam comprar terreno nem pagar aluguel, mas que era possível ocupar uma faixa de terras nas proximidades, mais precisamente na planta Demawe. Uma comissão de quatro ou cinco pessoas já tinha verificado e constatado que a terra era publica e não privada e que a prefeitura não tinha nenhum projeto para o local. Pacificamente essas famílias já estavam ocupando o terreno e construindo suas casinhas de dois ou três cômodos.
A tão sonhada creche já tem data e local para ser construída.
Coincidência ou providência Divina?… Providência, com certeza! Foi próxima da Festa de Pentecostes que houve essa conversa e surgiu ideia para resolver o problema da creche e da comunidade. Pais e mães e os membros dos Grupos de Reflexão se uniram e levantaram uma casa de madeira que iria servir de creche para a criançada durante a semana e no sábado e domingo para celebrações. Consultaram o padre sobre o assunto e é claro que ele deu a benção. E assim começou mais uma comunidade na região.
A construção se deu na base do mutirão, arrecadando e doando o que podia, em pouco tempo a comunidade Demawe já estava consolidada. De segunda a sexta-feira servia de creche e aos sábados e domingos para as atividades eclesiásticas como catequese, reuniões do conselho e celebrações e missas. Aliás, missa uma vez por mês ou a cada dois meses.
(Detalhe:Esse terreno que pisamos não foi comprado como o da Vista Alegre, Itamarati e outros, mas como se diz popularmente, foi invadido juntamente com dezenas de famílias que vieram do interior do estado e não tinham pra onde ir. Mais tarde foi feito um contrato de comodato com a prefeitura que de tempo em tempo deve ser revisto).
Outro desafio!
Como manter a creche sem recursos? Pessoas que ali deixavam seus filhos contribuíam com alimentos, produtos de limpeza e outros materiais para a manutenção da creche. As babás que não eram contratadas pela prefeitura, não tinham salário, o trabalho era voluntario. A medida do possível iam se revezando. Tudo por amor a causa. Cada um e cada uma doava o que podia.
A comunidade que já era creche de segunda a sexta-feira e igreja no sábado e domingo, agora precisava de alguém para cuidar, zelar e manter a casa em ordem, mas não tinha recurso pra isso, então o que fazer? – Vamos unir o útil ao agradável, disse um dos membros da comunidade: há uma família que, cujo pai é carpinteiro e já nos ajudou na construção, o Sr. Ze Celestino, não tem casa nem dinheiro para pagar aluguel, o que acham de fazermos um puxadinho nos fundos onde eles possam morar aqui sendo caseiros da comunidade? Proposta aceita, lá se vão os pedintes da comunidade novamente pedir donativos para mais uma obra.
Em 1986 o então prefeito da cidade Roberto Requião, veio conhecer a realidade do bairro e autorizou a construção da creche e a contratação do pessoal que ali deveria trabalhar.
Em 1975 o então Arcebispo de Curitiba Dom Pedro Fedalto chamou os padres Redentoristas para organizar as missões nessa região. Os missionários, principalmente os seminaristas, passavam a semana no seminário e nos domingos vinham acompanhar a caminhada das comunidades dando suporte eclesiástico e catequético.
Com tantas comunidades – quase vinte ao todo – a paróquia são Francisco estava grande demais e o padre não dava conta sozinho, então o bispo chamou o pároco para conversar e ver a possibilidade de dividi-la criando, assim uma nova paróquia. Padre Miguel acatou a ideia e deu inicio ao processo de fundação. Em 1980 a paróquia São Pedro Apóstolo já estava criada.
Ao dividir as comunidades decidiram que as do lado esquerdo (de cima) do Ribeirão dos Padilhas e a direita de seu afluente que acompanha a Rua Dante Honório, ficariam para São Francisco e as demais com a nova paróquia.
A estreante paróquia São Pedro Apóstolo ficou com quinze comunidades, nove do lado direito do Ribeirão dos Padilhas e seis do lado esquerdo. Para melhor se organizar e administrar, dividiu a paróquia em dois setores: São Pedro e 1º de Julho, mesmo nome da associação de moradores. O setor, 1º de Julho, era acompanhado pelos Missionários Redentoristas que se estabeleceram na região, a partir das missões de 1975. No intuito de formar padres com a cara do povo ou Pastores com o cheiro das ovelhas, moravam numa casinha simples e participavam da vida das pessoas da comunidade. Pe. Alfeo Prandel, falecido em julho de 2014, era o formador dos novos padres e das lideranças e auxiliava o pároco Pe Miguel. Um ou mais seminarista assumiam uma comunidade ou na falta deles, mais de uma comunidade, conforme a necessidade. Assim foi até 1988, quando a congregação do Ss. Redentor decidiu fechar a casa de formação no bairro e entregou o setor novamente à paróquia São Pedro.
O lado de lá – setor são Pedro – continuou crescendo e no ano em que os redentoristas decidiram sair daqui, 1988, aquele setor já tinha mais seis comunidades, quinze ao todo. Seria hora de criar uma nova paróquia?
A falta de padres exigiu das lideranças leigas muito empenho e dedicação. Encontros de formação quase todos os finais de semana.
Neste setor, 1º de julho, havia um grupo de jovens muito animado e comprometido, mas como todo jovem tem pressa e é ansioso, os daqui não eram diferentes. Queriam, a todo custo, que se resolvesse o problema da falta de padre e sugeriu quase exigindo que se formasse aqui uma paróquia. É claro que não seria tão simples assim, mas passou a incomodar as lideranças e o próprio pároco. Houve resistência por parte de alguns veteranos, mas outros também concordavam. Por já ter quinze comunidades no seu setor, padre Miguel, prontamente acolheu a ideia e levou a proposta à cúria metropolitana.
Passados alguns meses Pe. Miguegl chamou o GRC do setor 1º de julho para uma Roda de Chimarrão e contar as novidades. GRC é o Grupo de Reflexão da Comunidade. Roda de chimarrão era um grupo selecto de apoio às decisões mais complexas da paróquia. Nessa reunião relatou a conversa que teve como o bispo e que os documentos da nova paróquia estavam encaminhados. Sugeriu que começasse por uma secretaria das comunidades, onde houvesse animação e articulação para desenvolver o futuro trabalho paroquial.
Alugaram uma linha telefônica, se instalaram numa sala inacabada e contrataram uma secretária sem registro e sem salário. Ela começou prestando serviço voluntário, mas a paróquia São Pedro não aceitou essa forma de trabalho e então as comunidades passaram a contribuir com um salário mínimo mensal e a paróquia assumiu as despesas de registro em carteira e os encargos sociais. A secretaria funcionava onde hoje é o salão de festas da paróquia de 1988 a 89.
Em fevereiro de 1990, Dom Pedro enviou o jovem Padre Jaime Antônio Schmidt para organizar a nova paróquia. Nesse meio de tempo enquanto a paróquia estava no forno, Pe Miguel convidou as Irmãs de Santa Catarina de Alexandria para dar apoio às lideranças e auxiliar o novo padre. As Freiras acompanharam a paróquia de 1989 ate 2004/05 e depois vieram as Irmãs da Imaculada Conceição de Castres, Irmãs Azuis e ficaram ate 2007/08.
Nessa época as comunidades não tinham nomes de santos como padroeiros, era o nome da vila de estabelecimento. A partir daí começa o processo de nomeação dos padroeiros. A escolha dos santos não foi do padre nem do bispo, mas, sim das pessoas das comunidades. Pedia nas celebrações qual santo seria o padroeiro e as pessoas escreviam o nome e depositavam numa caixinha. Os nomes repetidos eram deixados para uma eleição que se realizara na próxima celebração.
As comunidades e seus santos:
Vista Alegre – N.Sra. de Lourdes;
Demawe – São Lucas, (mas já teve outro nome, o da comunidade);
Itamarati/colorado – Sag. Coração de Jesus;
Duque de Caxias – São José;
Atalaia – Nossa Senhora Aparecida .
Orquídeas – Santa Rosa de Lima
Maringá – Santa Teresinha
Comunidades organizadas, cada uma com o nome de seu padroeiro, o padre já familiarizado, é hora de oficializar a paróquia. A comunidade Demawe foi escolhida para sediar a Matriz, não por ser central, mas por ter um terreno maior que as demais comunidades.
Em Março de 1992 o Arcebispo de Curitiba Dom Pedro Fedalto declarou criada a Paróquia São Lucas e Padre Jaime Antônio Schimdt assumiu como primeiro pároco.
Ficou assim a sequencia de padres:
Padre Jaime A. Schmidt – pároco de março de 1992 a abril de 1997;
Padre Fabian Vasques Jativa – adm. paroquial de abril de 1997 a maio de 1999
Padre Fabian Vasques Jativa – pároco de maio de 1999 ate janeiro de 2006
Padre Manoel Messias Vilela – pároco de janeiro de 2006 a janeiro de 2007
Padre Jonacir Francisco Alessi – pároco de janeiro de 2007 a julho 2015
Nos oito anos e meio de permanência do Padre Jonacir, outros sacerdotes atuaram como seus auxiliares (vigário paroquial) foram eles: Padre Agnaldo M. Ferreira, Frei – Padre Marcelo Pimentel, Padre Elcio Alberton, Padre Lineu Prado e outros convidados.
Padre Marcos Just – pároco de agosto de 2015 a setembro de 2021;
Durante o período em que o padre Marcos saiu de licença em seu ano sabático, o padre Lineu Prado assumiu interinamente.
Padre Marcelo Castro de outubro de 2021 ate os dias atuas é o pastor da família Lucana.
Concluindo:
Aqui não cabe toda a história da paróquia São Lucas, pois de toda a pintura esta é somente uma pincelada. A criação, formação ou elevação de uma comunidade a Paróquia é por si só um grande feito, mas a história da Paróquia São Lucas é diferente, é muito mais. Digo por experiência própria, pois atuo nesse espaço desde março de 1983 quando a convite do Sr. Francisco Albinati – Chico Barba – entrei naquela casinha de madeira, piso de cimento queimado e janelas basculantes, não tinha presbitério nem ambão o altar era uma mesa de cozinha bem simplesinha com uma toalha branca e em cima dela dois pires, um em cada ponta com uma vela acesa e um vaso de flores ao lado da mesa.
Tudo muito simples, mas aconchegante. O padre (Alfeo Prandel, voz do Sergio Schapelien) não fez a homilia como de costume. A palavra era partilhada, fazia perguntas relacionadas às leituras e as pessoas respondiam conforme o seu entendimento, se alguém tinha dificuldade em formular uma frase ou fugia do assunto, ele imediatamente, como muita piedade, corrigia de forma que ninguém se chateava nem se ofendia. Facilitava o entendimento e despertava o interesse em participar. Dizia, ainda que essa era a pedagogia de Jesus: dar vez e voz ao povo. Outro detalhe observado nesse dia – o primeiro de 15000 – é que não se fazia fila para receber a eucaristia, o ministro ia até as pessoas. Tudo diferente do tradicional.
Essa diferença fez e faz a diferença, mas isso não foi inventado por Padre Alfeo nem por Padre Miguel, é obra do Concilio Vaticano II. Uma igreja em saída não é invenção do Papa Francisco, é obra do Concilio Vaticano II. Padre Miguel e Padre Alfeo cumpriram as determinações do Concilio e ensinaram as pessoas como pôr em prática a Palavra de Deus. O Concilio determinou que a Igreja (Clero) teria que ir ao encontro do povo, sair da acomodação. Esse é o novo jeito de ser igreja. No Brasil, esse jeito novo (de ser igreja) ganhou um nome: Comunidades Eclesiais de Base ou simplesmente CEBs. As CEBs não foram inventadas por padres Miguel, Alfeo, Bertrand, Fabian…, foram as maiores autoridades da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) que, por determinação do Papa João XXIII, se reuniram, debateram e concluíram que assim devia ser. A Igreja povo de Deus deve, alem de rezar, também zelar pelo bem viver das pessoas, se importar com a vida dos irmãos, lutar juntos por direitos e cidadania, fazer valer o evangelho, segui-lo e vivê-lo, não somente ouvi-lo ou assisti-lo. Essa paróquia ja foi protagonista na transformação social desse bairro.
Sugestão para quem quiser conhecer melhor nossa igreja (ICAR) é participar dos encontros de formação oferecidos pelo GRA – Grupo de Reflexão e Animação da Arquidiocese de Curitiba todas as quarta segunda-feira do mês.
Bibliografia:
MATOZO, Marcus Antonio; Michelangelo, Ângelo, Miguel: A transformação do espaço em lugar por meio das Comunidades Eclesiais de Base/ Marcus Antonio Matozo, Curitiba – PR: Editora Malires, 2018.
Entrevista cedida por Padre Michelangelo a Raquel Maria de Oliveira (08/11/2006). A bibliografia foi baseada em depoimentos de lideranças que ainda atuam Memórias e anotações do redator.