FABIANO, UMA HISTÓRIA, UM NOME…
Certa vez um senhor bem vestido de terno, estava debaixo de uma marquise para abrigar-se do inesperado, chovia bastante e um homem o chamou para entrar em sua casa. O primeiro, àquelas alturas já convidado para o almoço identificou-se: Jacob Fedalto, que tinha como filho ninguém menos que o então jovem Bispo Dom Pedro Fedalto, para surpresa do anfitrião Fabiano Braga Côrtes e de sua esposa, senhora Glacy. Por aí se vê a nobreza e o espírito de acolhida de um dos grandes homens públicos do Estado do Paraná. Deste fato começou também uma amizade, que teve como ponto alto a Visita de São João Paulo II a Curitiba. Nesta ocasião Dom Pedro Fedalto era já o Arcebispo de Curitiba e Fabiano Braga Côrtes Presidente da Assembleia Legislativa. Nas vezes em que estive em sua casa, admirava as grandes fotos da histórica passagem do Papa polonês pela capital em julho de 1980. Belas memórias de um bom pai de família católico.
Ademais, uma alegria é o fato de no mesmo ano da visita do Romano Pontífice, mais precisamente no Dia de Nossa Senhora das Graças, meus pais terem homenageado este vulto notável colocando em mim o mesmo nome.
Fato é que Sr Zezo Pinto e Sra Derlinda Aparecida Pinto aguardavam seu primogênito e discutiam sem chegar a um consenso de como chamariam o rebento. E eis que surge em mente o nome do conterrâneo do pai, que aliás junto de sua esposa foram os primeiros a saudar o jovem casal pelo nascimento do filho com um belo arranjo de flores (veja-se a foto do cartão de meu álbum de Infância postado, que viera em um envelope escrito: “Zézo, Parabéns pelo Herdeiro”)
E eis que diante de tantas possibilidades o menino de outrora veio registrado como Fabiano.
Fabiano, do latim “favianus” significa simplesmente “plantador de favas”. Poderia ser traduzido como agricultor, cultivador de feijão, ou lembrado como o grande general de Aníbal, o malvado, no limiar das Guerras púnicas emaranhadas das estratégias “fabianas” na Emilia Romagna (Norte da Itália).
Expressivo é lembrar São Fabiano, o 20º Papa da Igreja Católica, organizado e organizador, que dividiu Roma em Diaconias e morreu mártir na Perseguição de Décio. Ou, como gostava o homônimo homenageado, recordar o famoso padre Frei Fabiano de Cristo.
Em meu último aniversário estava ele contente, alegre e cordial como sempre. Trouxe um bom vinho para tomarmos, abraçou meu pai e até beijou as mãos de minha mãe, por conta do filho sacerdote. Durante a noite saudou a todos com agradável afabilidade, mostrando ser um Político daqueles que não se faz mais.
Não enriqueceu às custas do povo. Contou-me um dia que não iria mais dirigir seu automóvel porque além da idade queria vendê-lo e reformar um apartamento. E com isso, poderia ter uma renda a mais para sua juventude acumulada junto de sua esposa, ambos octogenários e necessitados de tomar um remédio aqui e outro ali. Pensei naquele momento: de fato ele é um exemplo de caráter e transparência. Com as influências que teve e as possibilidades que lhe passaram diante dos olhos poderia ter sido “mais um” entre tantos que usurparam do poder que emana do povo para benefício próprio. Contudo, notório é ter sido ilibado.
Ora, nós os descendentes dos tropeiros trazemos de sangue muito em comum, que varia entre a bravura e a ternura. E isto era visível no grande Fabiano, sempre atencioso e dedicado, sobretudo a serviço dos mais necessitados.
Muitas vezes estivemos juntos sentados à mesa. Agora, espero o dia em que estaremos partilhando da Mesa Celestial.
Nesta manhã, avisado por sua filha, fui visitá-lo, dando-lhe a Bênção Papal com Indulgência Plenária e a Sagrada Unção dos Enfermos.
Fabiano Braga Cortes estava maduro para o céu. Homem de fé, temente a Deus, morreu no mesmo dia em que o Bom Jesus o confortou com os santos sacramentos.
Disse à amiga Rossana Côrtes, filha dedicada que nos últimos anos junto de seu esposo tem atendido exemplarmente seus pais: “Agora os exemplos dele permanecem inscritos em nós mesmos. Temos que SER o que ele nos deixou como LEGADO”.
E, ao lembrar deste homem honesto e trabalhador, pai amoroso, marido dedicado e amigo fiel, posso dizer que é uma honra para mim levar o nome de Fabiano como homenagem ao lapeano e admirável tropeiro de lutas Fabiano Braga Côrtes.
Muitas vezes me ligava para saber de seu amigo Dom Pedro, outras vezes só para jogar conversa fora. Agora, o Padrezinho ao qual ele pedia bênçãos é quem pede uma bênção lá do céu. E, em vez de ligações, ficam as orações.
Tão somente espere nós por lá, Fabianão, junto com o seu filho, também Fabiano, que já o acolheu em Festa diante do Altíssimo.
Um dia vamos nos ver, e aliás eu quero vê-lo com o Patrão Celeste a me receber junto com São Fabiano Mártir e o Frei Fabiano de Cristo na porta do Paraíso.
O que nos resta? O EXEMPLO, o TESTEMUNHO!
Fabiano, uma história, um Nome…
Descanse em Paz e Rogue por Nós! AMÉM!
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Por
Padre Fabiano Dias Pinto